Bush ‘pai’ se desculpa com atriz após acusação de assédio sexual
Heather Lind contou que o ex-presidente a tocou de forma inapropriada em 2014
O movimento #metoo (eu também), que dominou as redes sociais na sequência das acusações de abuso sexual contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein e convoca as pessoas a denunciar situações em que foram vítimas de assédio, atingiu na terça-feira o ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush, de 93 anos, pai do também ex-presidente George W. Bush.
Em um post do Instagram marcado com a hashtag da campanha, a atriz americana Heather Lind, de 34 anos, contou que o ex-presidente a tocou de forma inapropriada. “Ele me agrediu sexualmente enquanto eu estava posando para uma foto (…). Ele me tocou por trás, em sua cadeira de rodas, com sua esposa Barbara Bush ao seu lado. Ele contou uma piada suja. E então, durante todo o tempo sendo fotografado, me tocou novamente”, escreveu.
A situação aconteceu em março de 2014, durante a festa de lançamento da série “Turn: The Spies of Washington”, inédita no Brasil. Após a publicação de Lind, que já foi apagada de sua conta, um porta-voz do ex-presidente emitiu um comunicado se desculpando pelo que chamou de “tentativa de humor”. “O presidente Bush nunca – em nenhuma circunstância – intencionalmente causaria angústia, e ele se desculpa sinceramente por sua tentativa de humor ter ofendido a senhora Lind”.
O texto completo do post da atriz foi reproduzido pelo site Business Insider:
“Fiquei perturbada hoje ao ver uma foto do presidente Barack Obama apertando a mão de George H. W. Bush em um encontro de ex-presidentes organizando para ajudar os Estados e territórios danificados por furacões recentes. Eu achei isso perturbador porque eu reconheço o respeito que os ex-presidentes recebem por ter servido [o país]. E sinto orgulho e reverência em relação a muitos homens na foto. Mas quando tive a oportunidade de conhecer George H. W. Bush há quatro anos para promover um programa de televisão histórico no qual eu estava trabalhando, ele me atacou sexualmente enquanto eu posava para uma foto similar. Ele não me estendeu a mão. Ele me tocou por trás, em sua cadeira de rodas, com sua esposa Barbara Bush ao seu lado. Ele contou uma piada suja. E então, durante todo o tempo sendo fotografado, me tocou novamente. Barbara revirou os olhos como se quisesse dizer ‘de novo não’. O segurança falou que eu não deveria ter ficado ao lado dele para a foto. Nós fomos instruídos a chamá-lo de presidente. Parece-me que o poder de um presidente está em sua capacidade de promulgar mudanças positivas, realmente ajudar as pessoas e servir como um símbolo da nossa democracia. Ele renunciou a esse poder quando ele usou isso contra mim e, a julgar pelos comentários das pessoas ao seu redor, contra inúmeras outras mulheres antes de mim. O que me conforta é que eu também posso usar o meu poder, que não é tão diferente do do presidente. Eu posso promulgar mudanças positivas. Eu realmente posso ajudar as pessoas. Posso ser um símbolo da minha democracia. Eu posso me recusar a chamá-lo de presidente e denunciar outros abusos de poder quando os vejo. Posso votar em favor de um presidente, em parte, pela natureza de sua personalidade, sabendo que suas decisões políticas devem necessariamente resultar dessa personalidade. Meus companheiros de elenco e produtores me ajudaram naquele dia e continuam a me apoiar. Sou grato pela bravura de outras mulheres que falaram e escreveram sobre suas experiências. E agradeço ao presidente Barack Obama pelo gesto de respeito que ele fez em direção a George H. W. Bush pelo bem do nosso país, mas eu não o respeito. #metoo“