Brasil se abstém de novo, mas ONU cria relatoria sobre repressão na Rússia
País foi um dos 24 a não tomar posicionamento sobre criação de relatoria especial; na véspera, Brasil se absteve em debate sobre repressão na China
O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas estabeleceu, nesta sexta-feira, 7, uma relatoria especial para monitorar abusos de direitos humanos a repressão aos opositores do regime do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Esta é a primeira vez que o Conselho adota uma resolução específica e manda um mecanismo internacional de monitoramento para um membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
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O Brasil, novamente, se absteve da votação, mantendo um posicionamento da política externa do presidente Jair Bolsonaro de não condenar a Rússia – postura que, salvo exceções pontuais, tem se mantido desde a eclosão do conflito, em 24 de fevereiro.
O voto desta sexta-feira veio um dia após o país não assinar a declaração da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) que criticava a invasão. Com isso, o Brasil se absteve da criação de uma relatoria especial para analisar as violações em território russo.
Brasília não foi a única a evitar o posicionamento em relação ao tema. Ao todo, 24 nações se esquivaram de tomar um posicionamento, entre elas Honduras, Índia, Indonésia, México e Paquistão.
Os 17 votos a favor, contudo, aprovaram o mandato do novo relator — posicionamento seguido pela Argentina, que na quinta-feira também rechaçou o texto da OEA —, o primeiro relativo à situação dos direitos humanos dentro da Rússia. Houve ainda 6 votos contra, de Bolívia, China, Cuba, Eritreia, Cazaquistão e Venezuela.
Na quinta-feira 6, em uma votação do Conselho de Direitos Humanos para realizar um debate sobre supostos abusos de direitos humanos pela China contra a minoria muçulmana uigur na região de Xinjiang, o Brasil também esteve entre os 11 países que se abstiveram.
A proposta, movida por países como Estados Unidos e Turquia e endossada pela Alemanha e por Estados nórdicos, foi derrotada por 19 votos a 17, além das 11 abstenções. Essa é apenas a segunda moção a ser rejeitada em toda a história do conselho e é vista pelos analistas como um revés para o Ocidente e para a própria reputação da ONU.
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“Isso é um desastre. Isso é realmente decepcionante. Nós nunca vamos desistir, mas estamos realmente decepcionados com a reação dos países muçulmanos”, disse o presidente do Congresso Mundial Uigur, Dolkun Isa.