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Brasil e EUA discutem como enviar ajuda humanitária aos venezuelanos

Ainda em Washington, Araújo se encontrou com chanceler turco e expôs a intenção de mudar a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém

Por Da Redação
Atualizado em 6 fev 2019, 20h11 - Publicado em 6 fev 2019, 20h00
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  • O acesso da ajuda humanitária internacional aos venezuelanos foi discutida nesta quarta-feira, 6, em Washington, pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, com o secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo. Uma das principais vias de ingresso, na Colômbia, foi bloqueada nesta manhã pelo regime de Nicolás Maduro.

    “Trocamos ideias sobre a Venezuela. É importante conhecer a opinião da OEA sobre esse assunto também. Há muitas maneiras que eles podem atuar nisso”, afirmou Araújo após o encontro.

    Segundo Araújo, o Itamaraty está trabalhando com outros ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro para preparar o meio mais adequado de fazer chegar a ajuda humanitária à Venezuela. Mas, até o momento, o mesmo Itamaraty não tem clareza sobre o tipo de ajuda a mais adequado nem sobre como e quando entregá-la.

    Solicitada pelo autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, a ajuda é rejeitada por Maduro, que a classifica como “mendigagem”. A rigor, alimentos e remédios não chegarão ao país sem o aval do governo, a quem a Força Armada continua leal.

    Mike Pompeo foi mais incisivo do que Araújo em suas declarações. “O povo venezuelano precisa desesperadamente de ajuda humanitária. Os Estados Unidos e outros países estão tentando ajudar, mas o Exército da Venezuela, sob as ordens de Maduro, está bloqueando a ajuda com caminhões e navios-tanque”, escreveu no Twitter.  “O regime de Maduro deve deixar que a ajuda chegue ao povo faminto”, acrescentou, com letras maiúsculas.

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    Vários países já se ofereceram a enviar produtos básicos para a Venezuela, como meio de mitigar a crise de abastecimento enfrentada pela população. O chamado de Guaidó foi respondido pelos próprios Estados Unidos, que impuseram sanções brutais sobre a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), a União Europeia, o Canadá, o Brasil e a Colômbia.

    Mas, na terça-feira, uma ponte fronteiriça entre as cidades de Cúcuta, na Colômbia, e Ureña, na Venezuela, foi bloqueada por um caminhão-pipa e dois contêineres, em uma operação que o parlamentar Franklyn Duarte atribuiu às Força Armada. “Aqui na Venezuela não vai entrar ninguém, nem um soldado invasor”, afirmou Maduro.

    O regime alega que a ajuda humanitária será uma espécie de cavalo de troia para a “invasão militar americana. O presidente americano, Donald Trump, não ajuda a desfazer essa conclusão. Na semana passada, afirmou que “todas as opções estão sobre a mesa restaurar a democracia” da Venezuela, sem descartar uma possível intervenção militar americana.

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    A piora das condições de vida dos venezuelanos está presente nos cenários de curto prazo, dados os impactos das sanções de Washington sobre a PDVSA. O aumento do número de refugiados, que já soma 3 milhões, é uma das consequências prováveis.

    Os Estados Unidos pressionam pela derrubada de Maduro junto com o Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte. O governante venezuelano iniciou em 10 de janeiro um terceiro mandato considerado “ilegítimo” por estar embasado nas eleições de maio do ano passado, consideradas fraudulentas e com acesso restrito à oposição.

    Na segunda-feira 4, Araújo participou da reunião do Grupo de Lima em Ottawa, no Canadá. O fórum, do qual o México se desligou, aceitou o ingresso de Guaidó, como representante da Venezuela, e impôs sanções financeiras ao regime.

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    Jerusalém

    Em Washington, Araújo discutiu com o chanceler da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, a intenção do Brasil de transferir a embaixada do país em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O tema é polêmico no país e tem sido vetado, dentro do governo de Jair Bolsonaro, por seus ministros militares.

    “Queríamos ouvir as opiniões da Turquia. Foi bom ter esse tipo de diálogo. Nesse processo de estudo, de reflexão, é importante conhecer opiniões de países relevantes na região, como a Turquia. Foi útil”, ressaltou Araújo.

    Caso confirmada a mudança, a decisão representaria uma ruptura da tradição diplomática do Brasil de lidar com o conflito entre Israel e Palestina e desrespeito a resoluções das Nações Unidas. O governo brasileiro mantém relações diplomáticas com Israel desde 1949 e reconheceu o Estado da Palestina em 2010.

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    Araújo revelou ter conversado com o chanceler turco, que está em Washington para participar da reunião de cúpula da coalizão que luta contra o Estado Islâmico, sobre a situação da Venezuela. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan visitou Caracas em dezembro passado, afirmou estar pronto para enviar a ajuda necessária ao país e, depois de 10 de janeiro, declarou apoio a Nicolás Maduro.

    “Falamos sobre Venezuela porque eles têm uma posição diferente da nossa e expusemos nossa percepção sobre isso. Foi importante para que eles vejam também nossa posição a respeito da Venezuela”, disse o chanceler brasileiro.

    (Com EFE)

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