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Brasil é 2º país com mais casos de coronavírus na alta cúpula do governo

Atrás apenas do Irã e seguido pela França, governo brasileiro tem ao menos treze políticos proeminentes contaminados

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 mar 2020, 19h31 - Publicado em 19 mar 2020, 19h22
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  • A confirmação nesta quinta-feira 18 de que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, contraíram o novo coronavírus torna o Brasil o segundo país com mais casos da doença na alta cúpula do governo. Com 13 confirmados, fica atrás apenas do Irã, que tem 24 autoridades enfermas.

    A maioria destes casos no Brasil está relacionada à comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que viajou aos Estados Unidos no início de março. No sábado 7, o líder americano, Donald Trump, recebeu o brasileiro e sua delegação em Mar-a-Lago, sua residência na Flórida. O vetor teria sido o secretário especial de Comunicação Social do Planalto, Fábio Wajngarten, o primeiro a submeter-se a exame e constatar a contaminação. 

    O presidente Jair Bolsonaro realizou os testes duas vezes desde essa viagem – ambos com resultados negativos. Um de seus principais colaboradores, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, é um dos contaminados. O secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Tryjo, e o embaixador do Brasil em Washignton, Nestor Forster, estão igualmente nessa lista.

    Desta vez, Trump deu sorte: nem ele nem seus colegas mais próximos contraíram a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, por enquanto. Apenas o prefeito de Miami, Francis Suarez, que também teve contato direto com a comitiva brasileira, testou positivo. Na quarta-feira 18, a epidemia chegou ao Congresso americano.

    Os deputados Mario Diaz-Balart, republicano em seu nono mandato pela Flórida, e Ben McAdams, democrata de Utah, informaram que haviam testado positivo para o coronavírus, tornando-se os primeiros legisladores do país a contrair coronavírus. Nos Estados Unidos, o número de infectados já chega a 10.822, com 172 mortes.

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    O vírus que ronda o aiatolá

    No Irã, onde 18.407 casos foram registrados, além de 1.284 mortes, o vírus se espalhou rapidamente entre a elite política e figuras religiosas do país. Cerca de 8% do Parlamento testou positivo para a doença – 24 parlamentares. Dois deles faleceram: Fatemeh Rahbar, de Teerã, e Mohammad Ali Ramezani, de Gilan.

    Na segunda-feira 16, o aiatolá Hashem Bathaie Golpayenagi, membro da Assembléia de Peritos responsável por selecionar o próximo Líder Supremo do Irã, tornou-se a mais recente figura relevante a morrer em decorrência da contaminação por coronavírus.

    O país já é um dos mais atingidos pela pandemia, após a China e, agora, a Itália. Devido à falta de transparência do governo autoritário do líder supremo Ali Khamenei e do presidente Hassan Rohani, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número real de mortes pode ser até cinco vezes maior no Irã.

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    Além disso, o Ministério da Saúde do país disse que cerca de 15% dos mortos tinham menos de 40 anos – número sem precedentes para uma doença cuja taxa de mortalidade para menores de 50 anos está abaixo de 1% no resto do mundo.

    Política contagiante

    Logo atrás do Brasil, a alta cúpula do governo da França tem ao menos 12 pessoas diagnosticadas. Entre elas, estão o ministro da Cultura, Franck Riester, a secretária de Estado do Ministro da Transição Ecológica e Inclusiva, Brune Poirson, e Michel Barnier, principal representante da União Europeia nas negociações do Brexit. As outras autoridades contaminadas são deputados da Assembleia Nacional Francesa.

    Também se destaca a Espanha, onde ao menos cinco figuras proeminentes estão infectadas: Begoña Gómez, esposa do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, Irene Montero, ministra da Igualdade, Javier Ortega Smith, secretário-geral do partido de extrema-direita Vox, Quim Torra, líder da região espanhola da Catalunha, e Pere Aragones, o vice-chefe do governo catalão. Na terça-feira 10, o país fechou a Câmara.

    O Palácio de Mônaco anunciou nesta quinta-feira, 19, que o príncipe Albert, o monarca em exercício no país, testou positivo para o coronavírus. Na Itália, o vírus pegou o presidente de um dos partidos da coalizão governista, Nicola Zingaretti. Nadine Dorries, secretária de Saúde do Reino Unido, foi infectada. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, entrou em auto-isolamento depois que sua mulher, Sophie Grégoire Trudeau, contraiu a Covid-19.

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    No mundo inteiro, uma profusão de autoridades está pegando coronavírus. Segundo a revista americana TIME, há muito mais políticos infectados do que prevê a estatística. Entre as possíveis explicações para as figuras públicas serem tão suscetíveis à doença está o fato de entrarem em contato com mais pessoas do que a média. O coronavírus abriu caminho por um círculo seleto de elites do governo, onde apertos de mão e conversas ao pé do ouvido são a norma – e a juventude é rara.

    Mais significativo do que esses aspectos, contudo, pode ser o status privilegiado dos políticos. Gente-como-a-gente luta para ser testada para o coronavírus em hospitais e recebe, na maioria das vezes, apenas orientações para ficar em casa em caso de sintomas. Para altas autoridades, o mistério acaba em um estralar de dedos.

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