Um relatório do Comitê de Privilégios do Parlamento britânico revelou, nesta quinta-feira, 15, que Boris Johnson, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, enganou deliberadamente seus colegas parlamentares sobre uma série de festas feitas na sede do governo durante o auge do lockdown da pandemia. Na tentativa de frustrar a investigação, Johnson também teria feito abusado e intimidado membros do comitê multipartidáro.
Em uma ação sem precedentes, o grupo parlamentar disse que Johnson “fechou sua mente para a verdade” e teria sido suspenso por 90 dias de seu cargo na Câmara dos Comuns, a casa baixa do legislativo, se não tivesse renunciado na semana passada, após ter acesso ao relatório.
Também foi descoberto que Johnson enganou deliberadamente o próprio comitê, violou as regras da Casa dos Comuns ao vazar parcialmente suas descobertas na última sexta-feira 9 e minou os processos democráticos do parlamento.
Como resultado, foi recomendado que Johnson fosse proibido acessar o Palácio de Westminster, sede do legislativo britânico.
O argumento de Johnson de que ele acreditava que todas as festas em Downing Street, a sede do governo, estavam dentro da legalidade foi descartado pelo comitê.
“Essa crença não tem base razoável nas regras ou nos fatos”, disse o relatório. “Uma pessoa razoável olhando para os eventos e as regras não teria a crença que Johnson professou.”
Johnson insistiu que todos os eventos do escândalo que ficou conhecido como Partygate estavam dentro das regras e foram ainda necessários para fornecer apoio à sua esposa grávida, Carrie. Segundo ele, as festas serviram para aumentar o moral da equipe do governo, o que o comitê avaliou como uma “interpretação convenientemente flexível das regras sobre [limites de] reuniões”.
O ex-primeiro-ministro acusou o comitê de tentar dar “o golpe final em um assassinato político prolongado”, dizendo que suas descobertas eram “absurdas” e um sinal de “desespero”.
“Este relatório é uma farsa”, afirmou Johnson em um comunicado. “Errei ao acreditar no comitê ou em sua boa fé. A terrível verdade é que não fui eu quem distorceu a verdade para servir aos meus propósitos. É [a presidente] Harriet Harman e seu comitê”.