O presidente Jair Bolsonaro reverberou nesta quarta-feira, 31, as preocupações dos Estados Unidos com supostas “armadilhas” no acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, concluído em junho passado. As queixas sobre os termos do principal acerto comercial do bloco foram apresentadas pelo secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, durante audiência no Palácio do Planalto.
“Todo mundo está preocupado com algumas armadilhas, todo mundo está preocupado com isso aí, que você talvez possa no acordo com Mercosul ter algum problema ao assinar um acordo com os Estados Unidos”, afirmou Bolsonaro. “Isso vai em cima até numa questão de inteligência, todo mundo tem que se preocupar com isso daí, tem que saber se porventura há armadilhas ou se não há, a gente parte do princípio de que não há”, completou.
O tema foi tratado durante a conversa, segundo o próprio presidente da República. Em São Paulo, na terça-feira 30, Ross havia exposto aos empresários sua apreensão com a possível existência de “pílulas de veneno” no acordo do Mercosul com a União Europeia. Ou seja, regras técnicas em diferentes áreas que seguem o entendimento europeu e que contrariam o americano. Para Ross, esses compromissos podem tornar inviável um acordo com os Estados Unidos.
Aparentemente, Bolsonaro não pediu a opinião de negociadores do acordo presentes a seu encontro com Ross nem mesmo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, antes de emitir sua concordância com a tese do americano. O acordo com a União Europeia deverá passar pela aprovação dos Parlamentos de todos os 32 países envolvidos antes de entrar em vigor, o que não está previsto para menos de três anos.
Ainda há lacunas no detalhamento do texto do acordo, que não chegou a ser revelado inteiramente, e reclamações de ambas as partes sobre trechos pouco claros. No entanto, o governo brasileiro comemorou a conclusão da negociação, que foi iniciada em 2006, suspensa, e retomada em 2017.
(Com Reuters)
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O jornalista Thomas Traumann analisa as semelhanças no estilo dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro. E como a economia mostra que isso pode ser um problema.