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Bolsonaro cancela de última hora encontro com ministro francês

Jean-Yves Le Drien teria em sua pauta questões ambientais e da mudança climática; presidente postou corte de cabelo no horário da reunião

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 30 jul 2019, 16h53 - Publicado em 29 jul 2019, 20h56
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  • O próprio Palácio do Planalto informou sobre a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não receber o ministro francês da Europa e das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, nesta segunda-feira, 29. O encontro estava previsto para as 15 horas na agenda distribuída à imprensa e às autoridades na noite anterior e também estava replicada na programação oficial do chanceler Ernesto Araújo, que acompanharia a conversa. O Itamaraty preferiu não comentar.

    Fato é que o presidente postou no Facebook às 15h46 desta segunda-feira, quando possivelmente ainda estaria tomando café com Le Drian se o tivesse recebido, as filmagens de seu corte de cabelo. Diante da imprensa, o porta-voz da Presidência, general Rêgo Barros, limitou-se a registrar o cancelamento do compromisso por razões de “agenda”.

    A França de Emmanuel Macron foi um dos mais insistentes na inclusão no tratado de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul de uma cláusula de respeito ao meio ambiente e aos compromissos assumidos no Acordo de Paris sobre Mudança Climática, de 2015. Ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, Macron tem defendido a necessidade de preservação da Amazônia — tema que passa pelo Brasil e por seu governo claramente oposto a medidas contra o desmatamento.

    No fim de junho, em Osaka, Japão, Bolsonaro desmarcara um encontro com Macron depois de o francês ter ameaçado não assinar o tratado Mercosul-União Europeia — ainda em finalização na ocasião — se o Brasil abandonasse o Acordo de Paris. Ambos se encontraram e conversaram informalmente no mesmo dia, momento em que o brasileiro convidou Macron para visitar a Amazônia.

    Até a noite desta segunda-feira, o portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros da França ainda mencionava o encontro de Le Drian com Araújo no Itamaraty, que efetivamente se deu, e com Bolsonaro. Segundo o ministério francês, Le Drian iria tratar da situação atual da parceria estratégica com o Brasil e dos intercâmbios econômico, universitário e em matéria de Defesa. Mas também trataria do acordo entre a União Europeia e o Mercosul e das posições a serem levadas por ambos os países para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de Santiago, a COP-15, em novembro.

    Questões ambientais, de mudança climática e de proteção de reservas indígenas e parques naturais tornaram-se bastante sensíveis ao governo brasileiro e, em especial, ao presidente Bolsonaro, nos últimos tempos. Em sua declaração à imprensa no Itamaraty, antes de almoço, Le Drian, mencionou a decisão tomada com Araújo da criação de um grupo de trabalho bilateral para tratar de “todas as questões ligadas ao meio ambiente, ao clima, à preservação da biodiversidade, à luta contra o desmatamento e à questão da gestão das florestas e dos parques naturais”.

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