O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, desembarcou nesta quarta-feira, 24, na China para sua segunda viagem ao país em um ano, com o objetivo de pressionar o governo chinês a repensar seu apoio militar à Rússia, além de manter as relações bilaterais estáveis. O diplomata vai chegar a Pequim na sexta-feira, 26, com a mensagem de que o Ocidente não vai tolerar vendas de armas e equipamentos semi-militares a Moscou, que podem ajudar o presidente russo, Vladimir Putin, a intensificar ataques à Ucrânia.
Recentemente, as relações entre a China e os Estados Unidos têm ficado mais estáveis. Desde que o líder chinês, Xi Jinping, se encontrou com o chefe da Casa Branca, Joe Biden, em 2023, Pequim tem tido uma postura menos belicosa com Taiwan. Além disso, o número de voos entre os dois países duplicou desde a reunião dos líderes. Na visita de Xi à Califórnia, ele também concordou em tomar medidas para conter o fluxo de materiais utilizados na produção de fentanil na América Latina.
A viagem
A primeira parada de Blinken é Xangai, onde o chefe da diplomacia dos Estados Unidos deve conversar com estudantes e assistir a um jogo de basquete. Esse tipo de diplomacia popular teria sido impossível um ano atrás, quando as relações bilaterais eram tensas, principalmente a respeito de Taiwan. Em seguida, ele irá a Pequim para uma reunião com seu homólogo, Wang Yi, na sexta-feira, 26. O líder chinês também deve participar do encontro, que abordará as vendas de produtos chineses de possível uso militar à Rússia, além de sanções americanas contra empresas chinesas. O jornal americano The Wall Street Journal afirmou recentemente que o governo Biden está considerando impor algumas proibições a bancos chineses.
Acredita-se que a posição dos Estados Unidos sobre a guerra na Ucrânia seja reforçada. Depois de uma cúpula dos ministros das Relações Exteriores do G7, grupo das sete nações mais ricas do mundo, os chanceleres emitiram uma declaração no início desta semana enfatizando que a “China deve garantir que esse apoio (à Rússia) cesse”.
O que diz a China
A pressão pode fazer com que o governo chinês recue de fornecer armas diretamente à Rússia. Pedir a proibição de vendas de bens industriais no geral, porém, é uma tarefa difícil. Antes da chegada de Blinken, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, reafirmou a posição da China.
“Deixe-me sublinhar mais uma vez que o direito da China de conduzir trocas comerciais e econômicas normais com a Rússia e outros países do mundo com base na igualdade e no benefício mútuo não deve ser interferido ou perturbado”, disse Wang, de acordo com o jornal chinês Beijing Youth Daily. “Os direitos e interesses legítimos da China não devem ser infringidos”.