Às vésperas de deixar a posto de homem mais poderoso do mundo, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou neste domingo, 1º, perdão presidencial ao seu próprio filho, Hunter Biden, que havia sido condenado em casos de evasão fiscal e compra de uma arma e deveria enfrentar as audiências que definiriam a sentença ainda neste mês. A iniciativa do democrata, tornada pública em comunicado da Casa Branca, vai de encontro a garantias que o governo havia dado sucessivas vezes, quando afirmara que não havia intenção do mandatário de exonerar seu primogênito de enfrentar a Justiça.
O perdão, “completo e incondicional”, segundo nota do Executivo americano, não pode ser desfeito pelo presidente eleito Donald Trump, que toma posse como sucessor de Biden no final do mês de janeiro. Na prática, o indulto anunciado por Biden impede que as audiências de condenação, agendadas para os dias 12 e 16 de dezembro, sejam levadas adiante e encerram a possibilidade de Hunter ser eventualmente levado à cadeia.
Em comunicado, Joe Biden disse que a decisão de perdoar o filho ocorreu porque ele teria sido processado “injustamente” com o objetivo de promover desgastes na corrida presidencial deste ano. Criticado por falhas cognitivas em um debate com Trump, o democrata foi pressionado a abandonar a campanha reeleitoral e cedeu o posto à vice Kamala Harris, que acabou derrota por Trump no início de novembro.
Com forte tom político, o presidente disse ao anunciar o indulto que adversários dele no Congresso deram vazão às acusações contra Hunter “para me atacarem e se oporem à minha eleição”. “Aqui está a verdade: acredito no sistema de justiça, mas enquanto tenho lutado com isto, também acredito que a política crua infectou este processo e levou a um erro judicial. “Espero que os americanos entendam por que um pai e um presidente tomariam esta decisão”, resumiu ele.
O perdão presidencial abrange qualquer crime federal que tenha sido cometido por Hunter Biden no período de janeiro de 2014 a 1ª de dezembro de 2024, o que inclui sua controversa passagem pelo conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma. Hunter havia sido condenado em junho no caso da arma e se declarado culpado por nove infrações fiscais que chegavam a quase 1,5 milhão de dólares em impostos não pagos.