Os políticos encarregados de negociar com os principais partidos da Bélgica para resolver a crise do país anunciaram ter superado uma etapa decisiva nesta quarta-feira.
“Os oito partidos envolvidos nas conversas deram um primeiro passo decisivo (…) e conseguiram superar os obstáculos que criavam dificuldades nos últimos dias”, afirmou o líder socialista Elio Di Rupo.
“Obtivemos consenso sobre os diversos aspectos relativos ao ‘BHV'”, o distrito eleitoral bilingue que envolve Bruxelas e sua periferia, situada em Flandres, centro da disputa entre flamengos e francófonos, disse Di Rupo ao final de um dia de tensas negociações.
A questão da região de Bruxelas está no centro do conflito entre flamengos e francófonos. Os primeiros exigem há anos sua separação visando acabar com os direitos linguísticos, eleitorais e judiciais que desfrutam os francófonos na periferia flamenga da capital belga.
Os cerca de 130 mil francófonos que vivem na periferia de Bruxelas são autorizados a votar nos partidos de língua francesa da cidade nas eleições legislativas.
“Apesar do trabalho estar longe de terminar e ainda faltar numerosos debates, a etapa superada hoje sobre o ‘BHV’, a reforma do Senado e o voto dos belgas no estrangeiro foi um passo importante”, destacaram os negociadores, que tentavam obter um compromisso desde meados de agosto, sob a liderança do francófono Elio Di Rupo, favorito para se tornar o próximo premier.
Mais cedo, o rei da Bélgica, Albert II, deixou o sul da França para voltar antecipadamente a seu país diante do agravamento da crise política.
O soberano belga, chefe de Estado, desempenha tradicionalmente um papel de mediador entre os partidos políticos, principalmente nos períodos de crise.
Desde abril de 2010, a Bélgica é administrada pelo governo renunciante do primeiro-ministro Yves Leterme. Desde então, os partidos do país discutem um acordo para a formação de um governo em pleno exercício.