Um avião com o italiano Cesare Battisti decolou na noite deste domingo do aeroporto Viru Viru, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção ao aeroporto de Ciampino, em Roma, na Itália. O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, confirmou a informação pelo Twitter. No país europeu, Battisti deve voltar a cumprir a pena perpétua a qual foi condenado em 1993 pelo assassinato de quatro pessoas nos anos 70. Ele sempre negou os crimes, dizendo ser vítima de perseguição política.
Por meio do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, o governo brasileiro chegou a anunciar que Battisti viria ao Brasil antes de ser levado à Itália. A Polícia Federal chegou a enviar um avião para o país vizinho, mas ele voltou sem o condenado. O governo italiano negociou diretamente com as autoridades bolivianas a transferência de Battisti e ele foi expulso da Bolívia sob o argumento de que entrara no país de maneira irregular.
A previsão é de que ele chegue na Itália na manhã desta segunda-feira (horário de Brasília).
Após ser condenado a prisão perpétua em 1993, Battisti fugiu da Itália para a França e, depois, para o Brasil, onde chegou em 2004. Foi preso em 2007 no Rio de Janeiro. Dois anos depois, o então ministro da Justiça Tarso Genro lhe concedeu o status de refugiado político. Provocado por um pedido do governo italiano, o plenário do STF, no entanto, aprovou a sua extradição, mas condicionou a decisão final ao presidente da República. No último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o italiano a permanecer no Brasil de forma legal – e o ato foi confirmado pelo Supremo.
Vivendo em liberdade desde 2011, ele voltou a ser preso em outubro de 2017 na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira do Brasil com a Bolívia. Na ocasião, ele carregava 25.000 reais em moeda estrangeira e a principal suspeita levantada pela polícia foi a de que estava tentando fugir.
Em dezembro de 2018, o então presidente Michel Temer decretou a extradição de Battisti após o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux determinar a sua prisão. Ele, então, decidiu fugir e o seu paradeiro era desconhecido até este domingo, quando foi capturado na Bolívia. Para evitar a extradição, a sua defesa ainda entrou com um habeas corpus preventivo no STF, mas o pedido foi negado pelo ministro Luís Roberto Barroso.