Ativista que acusou Xi de esconder epidemia de coronavírus é preso
Xu Zhiyong foi detido no sábado; sua namorada também desapareceu
Um ativista que acusou o presidente Xi Jinping de tentar esconder a epidemia de coronavírus da população foi preso neste sábado 15 na cidade de Guangzhou, no sul da China, segundo o jornal The New York Times. Xu Zhiyong, que vivia escondido há dois meses por suas críticas ao regime, pediu a renúncia do líder chinês pelas redes sociais e afirmou que Xi “não é inteligente o suficiente”.
Durante o final de semana, a divulgação da transcrição de um discurso feito por Xi durante um encontro do Partido Comunista em 7 de janeiro despertou uma onda de críticas contra o presidente. Em seu pronunciamento, o líder dá ordens “para a prevenção e o controle da nova pneumonia de coronavírus”.
Para muitos, a transcrição prova que Xi já sabia da gravidade da doença e da possibilidade de sua disseminação no início de janeiro. Além disso, críticos acreditam que o governo federal chinês também deve ser responsabilizado pela lentidão em responder à crise, e não somente a administração local da província de Hubei, onde está a cidade de Wuhan, epicentro da epidemia.
A transcrição do discurso de Xi foi publicada no sábado 15 pelo jornal estatal Qiushi. O presidente só tratou publicamente da epidemia de coronavírus duas semanas após a reunião do Partido Comunista.
Após a divulgação, Xi recebeu muitas críticas pelas redes sociais. Uma das mais agressivas, contudo, veio de Xu Zhiyong. O ex-professor universitário de 46 anos já havia escrito uma série de textos apontando a injustiça social e a corrupção do governo, mas foi mais enfático ao acusar o presidente de inação diante da epidemia.
“No coração deles”, disse sobre os líderes do Partido Comunista, “não existe certo e errado, consciência, linha final ou humanidade”, escreveu em sua publicação.
Xu vivia escondido desde dezembro, quando a polícia passou a procurar por ele entre amigos e colegas na cidade de Xiamen. Segundo o The New York Times, ele foi preso em Guangzhou no sábado. No dia seguinte, sua namorada, Li Qiaochu, que também é ativista, desapareceu.
A Anistia Internacional criticou a prisão do ativista. “A detenção de Xu Zhiyong mostra que a batalha do governo chinês contra o coronavírus não o desviou de sua campanha geral em andamento para reprimir todas as vozes dissidentes e de seus ataques implacáveis à liberdade de expressão”, afirmou o pesquisador da organização na China, Patrick Poon.