Ao menos 57 pessoas morreram em uma onda de atentados em Bagdá nesta quinta-feira, na primeira explosão de violência no país desde o início de uma grave crise política, iniciada após a saída das forças militares americanas do território iraquiano.
Em um ataque coordenado, cerca de dez bombas explodiram no início da manhã, em horário de intenso trânsito, em diferentes bairros da capital, deixando um saldo de pelo menos 57 mortos e 176 feridos, de acordo com um balanço do ministério da Saúde.
Os atentados foram realizados nos bairros de Bab al Muatham, Karrada e Allaui, no centro da capital, em Adhamiyah, Shuala e Shaab (norte), em Jadriyah, no leste, e em Al Amil, no sul, segundo as autoridades.
“Não eram dirigidos contra instituições ou postos de segurança”, mas principalmente contra “escolas, trabalhadores, e a agência anticorrupção”, disse à AFP o general Qasim Atta, porta-voz do sistema de segurança de Bagdá.
O militar disse que ainda era “muito cedo” para saber quem está por trás dos atentados.
Os locais onde ocorreram as explosões foram cercados pela polícia com o apoio de helicópteros, enquanto o reforço dos controles nos postos de segurança deixava o trânsito mais caótico que o normal, constataram jornalistas da AFP.
Trata-se da primeira explosão de violência desde o início da crise política, que ameaça a frágil trégua entre as diferentes forças do país e aumenta os temores de um conflito sectário, apenas alguns dias após a saída das tropas americanas.
Nos últimos cinco dias, foi emitido um mandado de prisão contra o vice-presidente sunita Tarek al-Hashemi, o chefe de governo pediu a renúncia do vice-primeiro-ministro sunita e o bloco parlamentar Al-Iraqiya, apoiado pelos sunitas, decidiu boicotar a Assembleia e o governo.
O Al-Iraqiya, segundo maior grupo parlamentar, atrás da coalizão xiita Aliança Nacional, denunciou a “ditadura” do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, um xiita.
Um de seus membros, o vice-primeiro-ministro Saleh Mutlak, classificou Nuri al-Maliki de “ditador pior que Saddam Hussein”.
Maliki convocou as autoridades da região autônoma do Curdistão (norte) a entregar à justiça o vice-presidente Hashemi e ameaçou substituir os ministros pertencentes ao Al-Iraqiya se continuarem boicotando o governo de união nacional.
O vice-presidente é suspeito de ter financiado e apoiado atentados realizados por seus guarda-costas.
Hashemi negou com veemência as acusações e afirmou que estava disposto a ser submetido a julgamento, com a condição de que o processo seja realizado na região autônoma curda, onde encontra-se atualmente.
O vice-presidente acrescentou que as aparentes confissões transmitidas pela televisão oficial, vinculando-o a ataques, eram “falsas” e estavam “politizadas”.
Maliki e outros líderes convocaram reuniões para resolver a crise, mas o porta-voz do primeiro-ministro disse à AFP que não aceitará nenhuma mediação nas acusações contra Hashemi.
A violência encontra-se atualmente em um nível inferior à registrada em 2006 e 2007, mas os ataques continuam sendo comuns. Em novembro morreram 187 pessoas, de acordo com dados oficiais.