Atentado em Cabul deixou 12 militares americanos mortos, diz Pentágono
Estima-se que 60 afegãos tenham morrido e outros 150 tenham ficado feridos, muitos deles parte da multidão que tenta embarcar em voos para exterior
Ao menos 12 soldados americanos morreram e outros 15 ficaram feridos nas duas explosões no aeroporto de Cabul nesta quinta-feira, 26, afirmou o general Kenneth McKenzie, chefe do Comando Central dos Estados Unidos, alertando que ainda há “várias ameaças ativas” de ataque.
Entre afegãos estima-se que 60 civis tenham morrido e outros 150 tenham ficado feridos, e muitas das vítimas faziam parte da multidão que tenta embarcar nos voos internacionais de evacuação após o movimento Talibã assumir o poder no país. À AFP, o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, que condenou “veementemente” o ataque, disse que há entre 13 e 20 mortos e 52 feridos.
De acordo com McKenzie, informações iniciais indicam que o ataque teria sido realizado pela ramificação afegã do Estado Islâmico, o chamado Estado Islâmico-Khorasan, inimigo comum de Washington e do Talibã. O grupo reivindicou autoria do ataque nesta quinta-feira.
As mortes dos militares americanos nesta quinta-feira representam as primeiras no país desde fevereiro de 2020 e acontecem a cinco dias do prazo final para que americanos e aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte retirem seus combatentes. Desde janeiro de 2001, quando teve início a invasão americana, cerca de 2.400 militares americanos morreram em solo afegão.
A data limite acordada com o Talibã para retirada completa das forças armadas de outros países, assim como de estrangeiros e afegãos que auxiliaram a ocupação, é 31 de agosto. Quase 90 mil pessoas já foram retiradas, mas segundo o jornal The New York Times ao menos 250 mil afegãos que trabalharam para os EUA ainda aguardam a evacuação.
Segundo um porta-voz dos militares americanos, a primeira explosão aconteceu em um dos portões do aeroporto e a segunda nas proximidades de um hotel localizado a menos de 2 km do terminal. Mais cedo nesta quinta, representantes dos governos dos Estados Unidos, Austrália e Reino Unido já haviam alertado seus cidadãos em Cabul para uma “ameaça iminente” de ataque no aeroporto. Os países pediram que todos evitassem o terminal ou áreas próximas e procurassem “um local seguro”.
O aeroporto ficou lotado desde que o Talibã tomou o controle do Afeganistão, em 15 de agosto, pois é a única rota de saída aérea do país. Milhares de pessoas, entre funcionários de governos de outros países, jornalistas e afegãos ameaçados pela volta do regime extremista ao poder, se aglomeram no terminal nos últimos dias buscando escapar da região.
Cerca de 95.700 pessoas já foram retiradas do país, mas milhares ainda esperavam do lado de fora quando as explosões ocorreram.
Na semana passada, tumultos causaram o fechamento temporário do terminal, enquanto na última segunda-feira, 23, um tiroteio deixou um morto e três feridos no local. Nas redondezas do aeroporto de Cabul, o cenário é de uma espécie de acampamento, com milhares de pessoas continuam se reunindo no perímetro da base. Uma das cenas que mais retratam a angústia dessas famílias foi a de um bebê sendo içado por cima de um arame farpado para que ele pudesse embarcar em um fuzileiro naval dos Estados Unidos na semana passada.