Ataque aéreo russo matou 39 e afetou cerca de 120 cidades, diz Zelensky
Investida foi considerada a mais massiva desde o início da guerra em fevereiro de 2022; revide da Ucrânia causou 14 mortes na Rússia
O ataque aéreo russo realizado nesta sexta-feira, 29, considerado o “mais massivo” desde o início da guerra contra a Ucrânia, deixou um saldo de 39 mortes e cerca de 120 cidades atingidas, de acordo com balanço divulgado pelo presidente Volodymyr Zelensky em suas redes sociais neste sábado, 30.
“O ataque russo afetou um total de 159 pessoas. Até agora, infelizmente, há 39 vítimas fatais. Minhas condolências vão para suas famílias e entes queridos. Os feridos receberam toda a assistência necessária”, escreveu. Segundo Zelensky, as operações de socorro permanecem em andamento e equipes atuam para retirada de escombros e suporte às pessoas impactadas pelos ataques.
O presidente afirmou que a Rússia utilizou quase 160 mísseis e drones, mas que a maioria foi abatida. Entre as edificações que foram destruídas ou danificadas, estão: mais de 100 imóveis e 45 prédios residenciais, duas igrejas, uma maternidade, além de escolas e estabelecimentos comerciais e de armazenamento – estes não tiveram números divulgados -.
Neste sábado, o Ministério da Defesa Civil, Emergências e Assistência em Desastres da Rússia informou que um revide ucraniano causou a morte de 14 pessoas, incluindo duas crianças, e deixou 108 feridos em Belgorod, cidade a 30 km da fronteira com a Ucrânia.
Investida
O massivo ataque em território ucraniano aconteceu depois de a Ucrânia atacar um navio de guerra russo que estava na Crimeia ocupada, no que foi visto por aliados ocidentais como um grande revés para as forças russas.
A investida também acontece num momento em que a incerteza paira sobre a escala e o poder de permanência do futuro apoio militar e financeiro ocidental a Kiev, quase dois anos após o início da guerra com a Rússia.
Mobilização
Pouco antes do Natal, Zelensky afirmou que seu Exército pediu uma mobilização de 450 a 500 mil soldados adicionais, para ampliar suas forças no campo de batalha. Segundo ele, no entanto, a decisão final não foi tomada, porque um recrutamento em tal escala exigiria financiamento externo adicional, atualmente travado.
Sobre o financiamento, o líder ucraniano acrescentou que está “confiante” de que os Estados Unidos não vão decepcionar a Ucrânia em termos de apoio, apesar de republicanos do Congresso americano parecerem irredutíveis quanto a cercear os repasses.
Uma mobilização tão grande custaria à Ucrânia cerca de 500 bilhões de hryvnias (R$ 65 bilhões), de acordo com o presidente. Outros aspectos a serem considerados incluem se os soldados atualmente na linha da frente seriam autorizadas a voltar para casa temporariamente, em rotação com os novos recrutas, após quase 22 meses de guerra.
Segundo o Ministério da Defesa ucraniano, o exército do país tinha quase 800 mil soldados em outubro deste ano. Isso não inclui a Guarda Nacional ou outras unidades. No total, cerca de 1 milhão de ucranianos estão uniformizados, em combate.
A Rússia, porém, supera a nação vizinha em armas e em número de soldados. O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou que os militares do país aumentassem o número de recrutados em quase 170 mil, para um total de 1,32 milhões.
A linha de frente de cerca de 1 mil quilômetros quase não se mexeu este ano, após Kiev lançar, em junho, uma alardeada contraofensiva, que não conseguiu penetrar as robustas defesas russas. Agora, com a chegada do inverno, os movimentos estão ainda mais lentos devido ao frio e à neve, colocando maior ênfase na utilização de artilharia, mísseis e drones. /COM REUTERS E AFP