Ao menos 95 habitantes de um vilarejo da etnia dogom, em Sobane-Kou, centro do Mali, foram mortos na madrugada desta segunda-feira, 10, por homens armados, de acordo com fontes locais.
Desde o surgimento em 2015 do grupo extremista islâmico de Amadou Koufa, que recruta prioritariamente pessoas da etnia peul, os confrontos aumentaram entre esta comunidade e as etnias bambara e dogom, praticantes de agricultura, que criaram seus próprios “grupos de autodefesa”.
“Os corpos foram queimados”, declarou um político de Koundou, onde está localizado o vilarejo. “De acordo com moradores locais, homens armados vieram atirar, roubar e queimar. Era um vilarejo de 300 habitantes, que foi totalmente desolado”, acrescentou.
O norte do Mali vive desde 2012 episódios regulares de violência ligados a grupos jihadistas. Zonas inteiras do país ainda escapam ao controle das forças malinesas, francesas e da ONU, apesar da assinatura, em 2015, de um acordo de paz para isolar os extremistas.
A violência se concentra sobretudo no centro do país, com conflitos intercomunitários, um fenômeno vivido igualmente por Burkina Faso e Níger.
Em 23 de março, em Ogossagou, perto da fronteira com Burkina Faso, 160 pessoas da etnia peul foram mortas supostamente por grupos de caçadores dogons.
Desde janeiro de 2018, a missão da ONU no Mali (Minusma) documentou 91 violações dos direitos humanos cometidas por caçadores tradicionais contra civis peuls nas regiões de Mopti e de Ségou, com 488 mortos e 110 feridos.
Por sua vez, grupos armados de autodefesa da comunidade peul cometeram 67 violações dos direitos humanos contra a população civil na região de Mopti no mesmo período, com 63 mortos e 19 feridos.
(Com AFP)