Documentos judiciais que detalham quais celebridades visitaram ou participaram de encontros privados com o criminoso sexual Jeffrey Epstein vieram a público na noite de quarta-feira 4. Entre os citados estão o príncipe Andrew, já processado por abuso sexual, os ex-presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton e Donald Trump, o cantor Michael Jackson e o mágico David Copperfield.
As revelações fazem parte do processo movido por Virginia Giuffre, sobrevivente do esquema de tráfico sexual infantil de Epstein, contra Ghislaine Maxwell, parceira do bilionário que foi acusada de aliciar adolescentes para a operação – depois de promessas de empregos, as meninas eram transformadas em prostitutas para o magnata americano e seus amigos.
Maxwell foi condenada a duas décadas de prisão em 2022, mas ainda apela da pena. Epstein foi encontrado enforcado em sua cela, em 2019, pouco após ser detido.
Até o momento, os nomes de seus associados eram mencionados no processo como “John Doe”, termo americano para designar pessoas desconhecidas ou intencionalmente ocultadas. A menção formal das personalidades, porém, não significa que agora tenham sido acusadas de qualquer irregularidade.
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Príncipe Andrew
Em depoimento, Maxwell disse que só lembrava de “uma vez” em que o terceiro filho da rainha Elizabeth II visitou a ilha de Epstein, localizada nas Ilhas Virgens dos Estados Unidos. O local teria sido utilizado pelo bilionário para abusar de inúmeras adolescentes. Na ocasião, ela alegou que “não havia nenhuma menina na ilha. Nenhuma menina, nenhuma mulher, além dos funcionários da casa.”
O relato, contudo, não aliviou a barra para Andrew. Um dos documentos revelados inclui o depoimento em que Johanna Sjoberg, uma das vítimas, conta sobre um suposto encontro com o príncipe britânico na casa de Epstein na cidade de Nova York.
“Ghislaine me pediu para ir até um armário. Ela apenas disse: ‘Venha comigo’. Fomos até um armário e pegamos o boneco, o boneco do príncipe Andrew. Eu não sabia quem ele era, mas, quando vi a etiqueta que dizia príncipe Andrew, conectei as coisas”, disse ela.
“Só me lembro de alguém sugerir [que tirássemos] uma foto e mandar a gente ir para o sofá. E então Andrew e Virginia [Giuffre] sentaram-se no sofá e colocaram o boneco no colo dela”, acrescentou. “E então eu sentei no colo de Andrew, acredito que por minha própria vontade, e eles pegaram as mãos do boneco e as colocaram nos seios de Virginia, e então Andrew colocou as dele nos meus.”
Em seguida, Sjoberg teria ido dormir e deixado Giuffre na sala.
Giuffre processou o príncipe Andrew por agressão sexual, e Maxwell, por difamação. Em 2022, o caso contra o oitavo na linha de sucessão do trono britânico foi fechado, após ambas as partes chegarem a um acordo judicial, em que o britânico foi obrigado a fazer uma doação à instituição de caridade fundada pela vítima, que apoia sobreviventes de tráfico sexual.
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Bill Clinton e Donald Trump
Em depoimento, Sjoberg também alegou que Epstein “disse uma vez que [Bill] Clinton gosta delas jovens, referindo-se às meninas”. A defesa do ex-presidente nega seu envolvimento com os “crimes terríveis de Jeffrey Epstein”. Durante seu primeiro mandato, aos 49 anos, Clinton teve um caso de mais de um ano com Monica Lewinsky, estagiária de 22 anos.
O republicano Donald Trump também é citado, mas não acusado de irregularidades. Sjoberg disse que visitou, com Epstein, um dos cassinos de Trump em Atlantic City, depois de uma tempestade impedir o avião do bilionário de pousar na cidade de Nova York.
“Jeffrey disse: ‘Ótimo, vamos ligar para Trump e iremos ao cassino’, do qual não me lembro o nome”, relembrou, acrescentando que nunca fez massagens no ex-presidente.
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Michael Jackson e David Copperfield
Além disso, Michael Jackson teria visitado a mansão de Epstein em Palm Beach. Sjoberg também nega ter feito massagens no músico, que faleceu em 2009. O famoso ilusionista David Copperfield também é citado em um jantar com o magnata, quando “fez alguns truques de mágica”.
“Copperfield alguma vez discutiu com você o envolvimento de Jeffrey com meninas?”, ela foi questionada. “Ele me perguntou se eu sabia que as meninas eram pagas para encontrar outras meninas”, respondeu a vítima.