Rick Gates, ex-assessor da campanha eleitoral do presidente americano Donald Trump, se declarou culpado nesta sexta-feira de fraude e de mentir para investigadores no caso sobre a interferência russa nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
Gates, de 45 anos, fez um acordo com o procurador especial que comanda este caso, Robert Mueller, para cooperar na investigação sobre a ingerência e o suposto conluio entre Moscou e a campanha de Trump.
Durante audiência em Washington, o ex-assessor admitiu ter mentido aos investigadores do caso no início deste mês sobre o conteúdo de uma reunião ocorrida em março de 2013 na qual se discutiu sobre a Ucrânia. Ainda confessou seu envolvimento em um esquema de evasão fiscal e fraude, no qual também estaria envolvido Paul Manafort, ex-diretor de campanha de Trump e seu ex-sócio.
A declaração de culpabilidade do ex-assessor aumenta a pressão sobre Manafort, que continua negando as acusações que pesam sobre ele e Gates.
A dupla é acusada de crimes de fraude e evasão fiscal, e de ocultamento de contas bancárias no exterior. Entre 2006 e 2015, os dois trabalharam como consultores políticos e lobistas a serviço do presidente da Ucrânia, Viktor Ianoukovitch, apoiado pela Rússia, e de partidos próximos ao dirigente, que foi derrubado em 2014.
Eles são acusados de terem montado um sistema completo que lhes permitia evitar declarar ao fisco americano uma parte de seus lucros milionários. Mais de 75 milhões de dólares em pagamentos foram colocados em contas offshore.
Gates também já era acusado de ter mentido aos investigadores sobre a reunião de 2013 com lobistas e membros do Congresso. O ex-assessor mentiu deliberadamente ao negar que em tal encontro não foram tratados assuntos vinculados à política ucraniana. Manafort também estava presente na reunião.
Segundo os documentos judiciais, Gates pode enfrentar uma pena de entre 57 e 71 meses se for condenado pelos crimes dos quais é acusado, mas o promotor especial Mueller poderia pedir uma diminuição por sua colaboração nas investigações.
O ex-assessor é o quinto envolvido a se declarar culpado neste caso. Na última terça-feira, o advogado Alex Van Der Zwaan confessou ter mentido ao FBI sobre seus contatos com Gates. Ele trabalhava no escritório Skadden Arps, que tem feito um forte loby de apoio ao deposto presidente ucraniano Yanukovych, quando fez negócios com o ex-assessor de Trump.
Interferência russa
Mesmo após todas as acusações feitas pela Justiça americana, até agora nenhum dos ex-assessores de campanha de Trump foram formalmente indiciados por envolvimento com autoridades russas para interferir nas eleições presidenciais de 2016, apesar de esse ser o tema principal da investigação de Mueller.
Paul Manafort dirigiu entre junho e agosto de 2016 a equipe de campanha de Trump, mas foi demitido quando revelou sua proximidade com os interesses russos na Ucrânia.
(Com EFE e AFP)