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Argentina vai às urnas para primárias no domingo

Votação deve servir como grande pesquisa eleitoral em país que está polarizado entre o atual presidente Mauricio Macri e o kirchnerista Alberto Fernández

Por Da Redação
9 ago 2019, 16h47
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  • A Argentina vai às urnas neste domingo, 11, para as primárias no país, que servirão como uma grande pesquisa eleitoral para avaliar o cenário antes das eleições gerais de outubro. Diferente de anos anteriores, desta vez não haverá concorrências internas reais dentro dos partidos, já que todas as alianças e legendas inscritas apresentaram um único candidato presidencial.

    As primárias, ou Paso (primárias abertas simultâneas e obrigatórias), tem como objetivo definir os candidatos que competirão por cada um dos partidos. Para serem habilitados a participar do pleito de 27 de outubro, os concorrentes devem obter pelo menos 1,5% dos votos nesta primeira votação.

    Neste ano, no entanto, todas as legendas inscritas apresentaram um único candidato presidencial. Como as cartas já estão marcadas, a votação servirá para eliminar os postulantes mais fracos e preparar o terreno para as eleições gerais, como uma grande pesquisa de opinião.

    Em um país extremamente dividido entre o atual Mauricio Macri, que quer a reeleição, e o principal candidato peronista na disputa, Alberto Fernández, o Paso pode servir até mesmo como um primeiro turno, ajudando o eleitorado a direcionar seu voto para um lado da polarização política.

    As primárias também podem ser usadas como oportunidade para traçar alianças. Além disso, é importante para o país observar como o mercado reagirá ao resultado do pleito.

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    Os votos neste domingo são obrigatórios, assim como em 27 de outubro. De acordo com o governo, 33,8 milhões de eleitores estão aptos a votar.

    Polarização

    Segundo as últimas pesquisas, Macri e Fernández – que tem como a vice de sua chapa a ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner – devem abocanhar quase oito de cada dez votos em disputa.

    A média das últimas doze pesquisas liberadas mostram que o kirchnerista está pouco à frente do atual mandatário: Macri aparece com 36,73% das intenções de voto e Fernández com 39,48%.

    Candidato pela coalizão Juntos pela Mudança, o atual presidente escolheu concluir a sua campanha para as primárias nesta quinta-feira 8 em Vicente López, cidade da região metropolitana de Buenos Aires, uma região que concentra 36,9% da população apta a votar.

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    “Queremos continuar transformando a Argentina porque sabemos que ainda falta, mas também sentimos que o que conseguimos tem que nos levar a seguir em frente, recuperando nossa autoestima e nos dando energia para prosseguir com a segunda etapa”, disse Macri, acompanhado do candidato a vice-presidente, o senador peronista dissidente Miguel Ángel Pichetto.

    Macri pediu aos eleitores que se lembrassem do “estado de abandono” em que o país se encontrava há quatro anos, antes de ele substituir a ex-presidente Cristina Kirchner no poder. E sugeriu que em muitos casos esses problemas eram causados por “máfias e corrupção”.

    No discurso, Macri disse que poderá fazer muito mais com “um pouco de vento a favor” e com as bases estabelecidas por seu governo nos últimos quatro anos, usando como comparação o “espantoso ponto de partida em que nos deixaram”.

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    A mensagem era mais um ataque direto a Cristina, que responde a processos por corrupção. O atual presidente da Argentina chegou à Casa Rosada no fim de 2015, após 12 anos de kirchnerismo no poder, mas busca a reeleição em um momento complexo para a economia, em recessão desde abril de 2018 após uma grande desvalorização do peso, com altos índices de inflação e taxas de pobreza e desemprego em alta.

    A situação econômica é a arma dos outros oito candidatos que participam das primárias, em especial de Fernández, da coalizão Frente de Todos.

    “É muito difícil viver em um sistema que produz unicamente pobres”, disse Fernández em um comício na província de Córdoba, na região central da Argentina, a segunda mais populosa do país e onde vive 8,7% do eleitorado.

    Fernández acusou Macri de ter “multiplicado a inflação” e de ter provocado a “destruição” do mercado interno e da capacidade de consumo dos argentinos. A principal promessa do companheiro de chapa de Cristina é recuperar a renda de trabalhadores e aposentados.

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    “Quando forem votar no domingo, pensem como vocês estavam há quatro anos e olhem para o presente”, sugeriu o candidato.

    “Quem passa pela penúria é o povo. Então, nós temos a obrigação moral, ética e democrática de colocar fim nesta situação”, afirmou Cristina Kirchner em um comício em Rosario, a terceira cidade mais populosa da Argentina, na quarta-feira 7.

    Apuração

    O clima de polarização e a importância dos resultados das primárias provocou nos últimos dias uma troca de acusações sobre a confiabilidade da apuração provisória que será feita na noite de domingo, sob responsabilidade do Ministério do Interior.

    Os dados não têm valor legal, mas sim relevância política porque são usados pelos candidatos para já decretar vitória no próprio dia do pleito.

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    A oposição lançou suspeitas sobre os sistemas de transmissão e apuração dos votos fornecidos pela empresa Smartmatic, mas o governo garante que a transparência do processo é total.

    “Há uma intenção deliberada da oposição de tentar atrapalhar isso”, disse o ministro de Educação, Alejandro Finocchiaro, em entrevista coletiva nesta quinta-feira.

    A apuração final, realizada pela Justiça Eleitoral, começará apenas na terça-feira, 13.

    (Com Estadão Conteúdo e EFE)

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