Argentina tem greve geral de 24 horas contra a política fiscal de Macri
Prevendo prejuízos de 3,6 bilhões de reais, presidente argentino enfrenta a maior greve geral desde o início de sua gestão
Começou nesta quarta-feira, 29, na Argentina, a quinta greve geral de 24 horas de duração contra as políticas do presidente Mauricio Macri, que concorrerá à reeleição neste ano. Segundo a mídia local, os protestos ganham força porque, além da peronista Confederação Nacional do Trabalho (CGT), diversos setores aderiram à paralisação. Entre eles, os de transportes, ferroviário e professores.
A greve foi iniciada na madrugada, com a parada total dos transportes públicos e dos caminhoneiros. A concentração para os protestos começou às 6 da manhã (horário local) nos arredores da capital argentina, Buenos Aires.
Sem transporte de passageiros, escolas ou trabalho em repartições públicas e bancos, muitas ruas de Buenos Aires estavam vazias antes das manifestações. Para garantir o sucesso da greve, vários piquetes de sindicatos e partidos de esquerda bloqueavam o trânsito de veículos em alguns acessos à capital argentina.
Uma das demandas dos grevistas é a correção do salário mínimo com base na inflação, que chegou a cerca de 50% nos últimos doze meses. As tarifas de serviços de energia elétrica e gás, elevadas com o fim dos subsídios concedidos pelo governo para a redução do déficit fiscal, são outros alvos dos protestos. A eliminação das subvenções é tida como uma das causas de a pobreza ter atingido 32% da população neste ano, segundo dados oficiais.
A Argentina sofre com a inflação galopante, o desemprego e o aumento da pobreza. O governo Macri, que ganhou às eleições com uma bandeira liberal, congelou os preços de produtos e serviços básicos à população, ação que foi mal vista pela população e que pode impactá-lo nas eleições deste ano.
No Twitter, a hashtag #YoNoParo está com 33 mil menções sobre a greve.
A greve desta quarta poderá ser a última a ser convocada durante esta gestão de Macri. Segundo a mídia local, as centrais sindicais vêem possibilidade muito baixa de organização de novas greves gerais por causa da dinâmica eleitoral, em outubro. “Creio que pode ser a última greve durante a gestão Macri”, disse Carlos Acuña, secretário-geral da CGT, ao jornal Clarín.
Devido às paralisações, o ministro da Fazendo argentino, Nicolás Dujovne, estimou um prejuízo superior a 40 milhões de pesos (cerca de 3,6 bilhões de reais). Trata-se de um valor 6 milhões a maior do que o da última paralisação. Segundo o ministro, 16 setores principais da economia foram afetados pela greve.
Macri almeja um segundo mandato, mas tem enfrentado quedas nas pesquisas de intenção de voto, em especial por causa da crise econômica de difícil superação. A fórmula peronista de Alberto Fernández e da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner lidera na maior parte das sondagens.
(Com Reuters)