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Após revolução, sharia ganha força nos países muçulmanos

Com o fim da Primavera Árabe e a queda dos ditadores, novos regimes de Líbia e Tunísia já ensaiam o governo com a mão de ferro que determina a lei islâmica

Por Da Redação
25 out 2011, 07h50
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  • A sharia é a lei islâmica. Ela define não apenas os rituais religiosos, mas os parâmetros de conduta cotidiana dos muçulmanos e ainda questões que vão da justiça penal aos tributos

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    À medida que finda a Primavera Árabe, já é possível vislumbrar o que muitos analistas previam: o fortalecimento da sharia, lei islâmica que pune com rigor as transgressões de preceitos medievais. Enquanto o Egito continua dominado por um Exército quase tão ditatorial quanto Hosni Mubarak, as novas autoridades de Líbia e Tunísia já se mostraram ferrenhas defensoras de um governo submetido ao mando da religião. Na Tunísia, berço da onda de revoltas que tomou conta das nações muçulmanas e primeiro estado da região a realizar eleições democráticas, o partido dado como vencedor é o islamista Ennahda, um dos que mais sofreu a repressão do ditador Zine El Abidine Ben Ali, derrubado em janeiro. Recentemente, durante uma visita do primeiro ministro turco Recep Tayyip Erdogan à Tunísia, o líder do Ennahda, Rachid Ghannouchi, declarou publicamente que não acreditava num estado secular, preferindo a imposição de uma versão “branda” da sharia – o que não se sabe exatamente o que significa.

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    “O que é entendido como secularismo é diferente no mundo árabe e na Turquia. No mundo árabe, o secularismo está ligado a ditaduras e opressão, enquanto na Turquia está ligado à democracia e à liberdade de escolha”, disse Ghannouchi ao jornal turco Hürriyet Daily New. “A sharia não é um alienígena nas nossas sociedades”, acrescentou. Para o líder do Ennahda, a lei islâmica – segundo a qual sexo fora do casamento é crime e qualquer pessoa que já tenha passado pela puberdade é julgada como adulto – não intervém na vida privada das pessoas nem limita a liberdade de escolha. “O nosso partido quer combinar democracia, que é um produto ocidental, com o Islã, que é o nosso próprio patrimônio”, afirmou Ghannouchi.

    Na Líbia, a morte de Muamar Kadafi trouxe preocupação para os aliados ocidentais do novo governo, depois que o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mustafa Abdul Jalil, declarou que a sharia será sua principal fonte da legislação. “Como país islâmico, nós adotaremos a sharia como lei essencial. Toda lei que violar a sharia será legalmente nula e sem efeito”, declarou, citando como exemplo a lei de divórcio e casamento. As declarações de Jalil levaram a França e a União Europeia a fazer um apelo pelo respeito aos direitos humanos na Líbia pós-Kadafi. Jalil, prontamente, saiu em defesa do fundamentalismo. “Eu quero que a comunidade internacional fique assegurada do fato de que, na condição de líbios, somos muçulmanos, mas moderados”, declarou, durante uma coletiva de imprensa. No Egito, apesar de o processo democrático estar atrasado, a situação deve se repetir. O Conselho Militar que está no poder desde a queda de Mubarak passou a exercer um papel ditatorial, com prisões de ativistas, desaparecimentos e até torturas. Quando as prometidas eleições democráticas chegarem – se chegarem -, o partido mais forte seria a Irmandade Muçulmana, organização religiosa fundamentalista que certamente implantará a sharia. No final, o vendaval da Primavera Árabe pode empurrar a região para um rigoroso inverno.

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