O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, denunciou nesta quarta-feira, 30, supostas fraudes eleitorais em “uma escala nunca vista antes” no estado da Pensilvânia, levantando preocupações de que o candidato republicano possa não aceitar uma possível derrota nas urnas, como fez em 2020.
O republicano afirmou em suas redes sociais na terça-feira que “coisas muito ruins” estão acontecendo na Pensilvânia, além de pedir à polícia que fizesse “seu trabalho, sem demora”. Dois dias depois, ele intensificou as falsas alegações, afirmando que a abertura de investigações sobre formulários de registro de eleitores são uma prova de fraude eleitoral.
Autoridades estaduais e defensores da democracia, no entanto, afirmam que o sistema eleitoral está funcionando normalmente.
Um funcionário da campanha da candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris, disse na quinta-feira que as alegações de Trump são uma tentativa de “semear dúvidas em nossas eleições e instituições enquanto ele tem medo de não conseguir vencer”.
Preparando o terreno
As alegações levantam temores de que Trump esteja se preparando para usar novamente o discurso de fraude eleitoral para justificar uma possível perda na Pensilvânia, um dos estados-chave que decidirão o resultado das eleições da próxima terça-feira, 5.
Em seus comícios, Trump diz que seus apoiadores devem esperar uma grande vitória na terça-feira, alegando que ele só perderia “se fosse uma eleição corrupta” e pedindo que seus eleitores lhe deem uma margem de vitória “tão grande que não pode ser fraudada” (um slogan que ele gosta de repetir em comícios: “too big to rig”).
Uma pesquisa conduzida pela Universidade George Mason e pelo jornal americano The Washington Post apontou que a maioria dos eleitores dos sete estados-chave para as eleições nos Estados Unidos deste ano, os chamados swing states — Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte —, acredita que Trump não aceitará uma eventual derrota na eleição, com 57% dos entrevistados manifestando preocupação com a possibilidade dos apoiadores do candidato republicano agirem de maneira violenta caso ele perca.
Encorajados por acusações de fraude semelhantes, uma multidão violenta de apoiadores de Trump invadiu o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, na tentativa de parar a contagem dos votos eleitorais e impedir a certificação da vitória do presidente Joe Biden. O republicano ainda mantêm sua narrativa de que sua derrota há quatro anos foi resultado de uma fraude generalizada nos estados em que ele perdeu.
Faltando apenas quatro dias para a eleição presidencial, as pesquisas que medem a intenção de voto dos eleitores apontam um cenário acirrado na disputa entre Harris e Trump, com empate técnico entre os candidatos.