Após duas semanas, Coreia do Norte confirma que prendeu soldado americano
Travis King, 23, atravessou a fronteira da Coreia do Sul em 18 de julho durante uma visita turística guiada; ONU negocia liberdade do cidadão dos EUA
A Coreia do Norte confirmou nesta quinta-feira, 3, que prendeu o soldado americano Travis King, depois que ele atravessou a fronteira do país com a Coreia do Sul, em 18 de julho. Segundo o Comando das Nações Unidas, unidade de soldados estrangeiros que opera em Seul, essa é a primeira resposta do regime de Pyongyang a pedidos de informações sobre o paradeiro do homem.
O Comando das Nações Unidas disse que não daria mais detalhes sobre a resposta de Pyongyang neste momento, porque “não quer interferir nos esforços para trazê-lo para casa”. No entanto, a resposta indica que o governo norte-coreano pode estar pronto para começar a negociar.
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O órgão militar internacional que policia a Zona Desmilitarizada (DMZ) entre as duas Coreias, usou sua linha telefônica direta com o Exército da Coreia do Norte na Área de Segurança Conjunta para buscar informações sobre o soldado americano.
“O Exército da Coreia do Norte respondeu ao Comando das Nações Unidas com relação ao soldado raso King. Para não interferir em nossos esforços para levá-lo para casa, não entraremos em detalhes neste momento”, disse um comunicado.
Os norte-coreanos já haviam reconhecido o pedido, mas esta é a primeira vez que responderam, confirmando que o soldado americano está sob sua custódia, mais de duas semanas após o desaparecimento de King.
Antes de cruzar a fronteira, ele cumpriu dois meses de detenção na Coreia do Sul por acusações de agressão, sendo libertado em 10 de julho. King deveria voar de volta aos Estados Unidos para enfrentar um processo disciplinar, mas conseguiu deixar o aeroporto e se juntar a uma visita turística guiada à DMZ, uma das áreas mais fortificadas do mundo, que separa os dois países desde a Guerra da Coreia na década de 1950, na qual os americanos apoiaram o sul.
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A guerra terminou com um armistício, o que significa que os dois lados ainda estão tecnicamente em guerra. Dezenas de milhares de soldados americanos permanecem na Coreia do Sul.
Como Washington e Pyongyang não têm relações diplomáticas, a embaixada sueca na capital norte-coreana tende a negociar em nome dos Estados Unidos. Atualmente, sua equipe diplomática não está no país, devido ao fechamento das fronteiras desde a pandemia.
Tanto o Comando das Nações Unidas quanto os militares sul-coreanos têm linhas telefônicas diretas com o exército norte-coreano. Elas são acionadas diariamente para fazer um check-in, embora os militares do Norte nem sempre atendam.
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Nos últimos anos, vários cidadãos americanos que entraram ilegalmente na Coreia do Norte – excluindo os condenados por atividades criminosas no país – foram libertados em seis meses.
A detenção de King representa uma grande dor de cabeça para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Acredita-se que o soldado seja o único cidadão americano atualmente sob custódia norte-coreana, enquanto seis sul-coreanos permanecem detidos lá.