A Alemanha apreendeu nesta quinta-feira, 14, o maior superiate do mundo depois determinar que ele é da irmã do oligarca russo Alisher Usmanov. A propriedade do Dilbar, avaliado em US$ 600 milhões (R$ 2,8 bilhões), estava escondida por uma complexa rede de “ocultação offshore”.
A embarcação tem bandeira nas Ilhas Cayman e é registrada em uma holding em Malta – ambos paraísos fiscais usados pelos ultra-ricos para proteger suas riquezas.
Usmanov, um magnata das telecomunicações que mantém propriedades no Reino Unido – uma mansão em Londres está avaliada em £ 48 milhões (R$ 249,7 milhões) – foi sancionado pelo governo britânico em março. O bilionário, que também investe nos clubes de futebol ingleses Arsenal e Everton, já havia sido sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
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Gulbakhor Ismailova e outra irmã de Usmanov, Saodat Narzieva, também sofreram bloqueios econômicos do Reino Unido e União Europeia. O governo do Reino Unido disse que Usmanov “transferiu ativos indiretamente para Ismailova, inclusive deixando sua irmã como o única proprietária efetiva do iate Dilbar”.
A União Europeia disse que ele “transferiu ativos consideráveis para sua irmã Soadat Narzieva, incluindo um único pagamento de US$ 3 milhões [R$ 14,1 milhões]. Ela também possuía 27 contas bancárias na Suíça, com centenas de milhões de dólares, que podem ser vinculadas ao seu irmão”.
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Com 15.917 toneladas, o Dilbar é o maior iate a motor do mundo em tonelagem bruta, e normalmente é tripulado por 96 pessoas, com espaço para 24 passageiros em 12 suítes. Projetado pelo especialista britânico em superiates Andrew Winch, possui uma piscina coberta de 25 metros (a maior do mundo em um barco particular), sauna e sala de massagem, cinema – e dois helipontos.
A embarcação de 156 metros de comprimento, que está passando por extensos reparos em Hamburgo, na Alemanha, foi inspecionada no mês passado pela polícia. No entanto, as autoridades alemãs não a apreenderam na época.
Nesta quinta-feira, a polícia da Alemanha publicou no Twitter que havia estabelecido que o iate estava “sujeito à lei de sanções e podia ser apreendido legalmente em Hamburgo”. Um porta-voz da polícia disse que o iate não poderia ser “vendido, alugado ou usado como garantia”.
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O Dilbar foi comprado em 2016 por US$ 600 milhões. O estaleiro alemão Lürssen o construiu sob medida ao longo de 52 meses. A empresa o descreve como “um dos iates mais complexos e desafiadores já construídos, em termos de dimensões e tecnologia”.
Na época de seu lançamento, o executivo-chefe da Lürssen, Peter Lürssen, disse: “Dilbar possui as tecnologias de segurança mais avançadas de qualquer superiate do mundo. As coisas que dizem sobre ele ter um sistema de defesa contra mísseis não são todas sem fundamento.”