A reação inicial dos Estados Unidos ante o míssil testado na terça-feira pela Coreia do Norte, de ceticismo e desdém, mudou drasticamente nas últimas 24 horas. Por um lado, o presidente Donald Trump passou do tom jocoso em que questionou se o presidente Kim Jong-un “não tem algo melhor para fazer com sua vida?” para a ameaça “é preciso acabar com esse absurdo de uma vez por todas” que acompanhou a simulação de um ataque reativo a Pyongyang. Por outro, o Pentágono, que no momento imediato ao lançamento duvidou do alcance do foguete, voltou atrás e confirmou que se tratava de um projétil de longa distância.
Agora, o governo americano avalia que o míssil intercontinental é uma novidade no arsenal do regime de Kim Jong-un e pode representar uma ameaça real. O capitão Jeff Davis, porta-voz do Pentágono, indicou que o míssil, que teoricamente poderia alcançar o Alasca, é de um tipo “nunca visto antes”, informou a CNN.
O projétil, que foi batizado pelos norte-coreanos como Hwasong-14, tem componentes similares a um míssil KN-17, testado pela primeira vez em abril deste ano. Os Estados Unidos chegaram a detectar por satélite as preparações para o lançamento, mas foram surpreendidos porque a Coreia do Norte teria acrescentado ao míssil uma segunda fase, não vista até agora. O componente desconhecido do governo americano faz com que o foguete funcione em duas etapas. Após o lançamento, uma das partes se desacopla e segue de forma independente, o que contribuí para o alcance mais amplo do míssil. Pyongyang afirma que o Hwasong-14 pode viajar a uma distância máxima de 8 mil quilômetros, o que colocaria os Estados Unidos ao alcance de um ataque.
Segundo a agência de notícias estatais KCNA, que garantiu que o lançamento foi um sucesso, o projétil alcançou uma altitude de 2,8 mil quilômetros e viajou cerca de mil quilômetros antes de cair em águas de Mar de Japão (Mar do Leste).Kim Jong-un, no entanto, ainda não conseguiu demonstrar que é capaz de carregar uma ogiva nuclear em um míssil de longo alcance, algo que o transformaria em uma ameaça ainda maior para os Estados Unidos e os seus aliados japoneses e sul-coreanos.
(Com EFE)