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Alberto Fernández propõe que Buenos Aires deixe de ser capital argentina

Ponto levantado durante encontro com ministros teria objetivo de reduzir fortes desigualdades no desenvolvimento territorial

Por Da Redação 15 dez 2021, 14h28

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, reacendeu na última terça-feira, 14, a ideia de que Buenos Aires deveria deixar de ser a capital do país, passando o posto para outra cidade, a fim de reduzir as fortes desigualdades no desenvolvimento territorial.

“Todos os dias penso se a capital da Argentina não deveria estar em um lugar diferente de Buenos Aires, para dar a ela todo o potencial que uma cidade capital gera em qualquer país”, disse o mandatário durante evento na cidade de Monteros, na província nortista de Tucumán. “Não seria a hora de começarmos a aceitar estes desafios e a pensar em como fazer isso enquanto sociedade?”. 

A fala foi feita durante reunião de gabinete como parte do programa “Capitais Alternativas”, que desde o início do mandato de Fernández realiza reuniões executivas fora de Buenos Aires com objetivo de descentralizar a gestão de instituições e órgãos nacionais.

“Não seria hora de pensar que a Secretaria de Mineração deveria estar em alguma província mineradora e que a Secretaria de Pesca deveria estar em algum posto pesqueiro da Patagônia”, disse o presidente.

Segundo Fernández, para o seu governo, “federalismo” não é “um discurso”, mas “um apelo para o desenvolvimento integral da Argentina”.

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“E também sabemos que existem assimetrias. É evidente que no centro do país existe a riqueza do campo que nos permite exportar tudo o que exportamos e produzir tudo o que produzimos, mas no resto do país existem outras riquezas que devemos dar o impulso necessário para que cada província e lugar se torne uma parte forte da Argentina, ou seja, o federalismo, para pensar na Argentina como um todo”, observou.

A Argentina amarga hoje a maior inflação entre as economias de grande porte, perdendo apenas para a insolvente Venezuela.

A economia também segue em marcha ré. Este ano, espera-se que o PIB deve crescer 7.5%. O aumento, porém, é ilusório, e só acontece porque tem como base de comparação ano de 2020, quando a Argentina enfrentou uma queda histórica de 10% do PIB.

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Segundo o peronista, o programa “Capitais Alternativas” já vem promovendo a ideia de “sair de Buenos Aires, ir e ouvir, ir e ver”, mas ainda é preciso mais.

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“Primeiro, o que temos de conseguir é colocar na cabeça de cada argentino que podemos fazer uma Argentina mais justa, com mais equilíbrio, mais equitativa, que não estejamos condenados a esta desigualdade em que vivemos hoje, que possamos inverter a situação e que depende de nós”, frisou.

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A possibilidade de mudança de capital, no entanto, não é novidade. Em 2014, o deputado opositor Alberto Asseff apresentou um projeto de lei para transferir a sede do Executivo para Rio Cuarto, na província de Córdoba, e o Parlamento e a Auditoria Geral da Nação para a província de Santa Fé.

Meses antes, o então presidente da Câmara dos Deputados, o governista Julián Domínguez, agora ministro da Agricultura, Pecuária e Pescas, propôs a mudança da capital para Santiago del Estero.

A iniciativa mais lembrada, no entanto, veio em 1986, quando o então presidente, Raúl Alfonsín, promoveu um projeto de descentralização do poder político e econômico que tentou deslocar a capital para a cidade de Viedma, a cerca de 800 quilômetros de Buenos Aires, uma iniciativa que acabou não avançando.

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