Alberto Fernández não será recebido pelo Papa
“Não recebo autoridades ou candidatos de países em ano eleitoral", disse Papa Francisco
O Papa Francisco confirmou na última quinta-feira, 28, que não receberá neste fim de semana o presidente argentino, Alberto Fernández, que está em Roma para participar da cúpula do G-20.
“Não recebo autoridades ou candidatos de países em ano eleitoral, que estão próximos das eleições”, disse o Papa a um jornalista.
Segundo a imprensa argentina, o governo tentava um possível encontro entre Fernández e o Papa, mas a Santa Sé expressou as objeções do Papa, pela proximidade com as eleições.
Fernández e Francisco já se encontraram quatro vezes. As duas primeiras foram antes de Fernández se tornar presidente. Na segunda, estava com o ex-ministro brasileiro Celso Amorim e o político chileno Enrique Ominami. Já como presidente, ele visitou o Papa em janeiro de 2020 e em maio deste ano.
O Pontífice vem sendo cauteloso em encontrar as autoridades argentinas ao longo do ano, e recebeu o ministro da Economia, Martín Guzmán, como demonstração de apoio ao país na renegociação da dívida com o FMI.
Em maio, quando Fernández estava na Europa, o Vaticano aconselhou que ele não solicitasse um encontro com o Papa, por ser ano eleitoral. A Argentina pediu mesmo assim, e eles se reuniram em um encontro breve e formal, porque os pontífices não se recusam a encontrar com presidentes.
De acordo com fontes próximas ao Papa, ele estaria contente por não receber o presidente, pois estava insatisfeito com aspectos da gestão do governo de Fernández, como a legalização do aborto e a crise socioeconômica do país. Além disso, o Papa foi criticado por uma minoria conservadora do Vaticano por suas ideias mais liberais, e por ter ajudado na renegociação da dívida.
Desde que o aborto foi aprovado, as principais autoridades da Igreja argentina não participaram dos atos oficiais do governo.
Outro fator importante que determina o relacionamento estremecido entre Argentina e Igreja, foi a nomeação de Aníbal Fernández como Ministro de Segurança. Por anos, padres argentinos culpam o Ministro por não tomar atitudes eficazes diante da proliferação de drogas em bairros populares do país. Em 2015, inclusive, trabalharam contra a sua candidatura como governador.