O candidato kirchnerista à eleição presidencial argentina, Alberto Fernández, declarou nesta quarta-feira, 14, que sua proposta de governo para a área econômica não envolve “risco” de calote da dívida pública de seu país nem rompimento de contratos. Fernández falou brevemente com a imprensa neste segundo dia de tensão nos mercados – gerada justamente pela possibilidade de sua eleição em 27 de outubro. Ele traz como candidata a vice em sua chapa a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, hoje senadora.
A turbulência manteve-se mesmo depois do anúncio de um pacote econômico de cunho eleitoreiro pelo presidente argentino, Mauricio Macri, candidato à reeleição. O dólar continuou sua trajetória de desvalorização acelerada e alcançou a cotação de 63 pesos, apesar da injeção de 248 milhões de dólares no mercado pelo Banco Central. A depreciação acumulada desde a sexta-feira, 9, é de 33%.
A taxa de risco-país alcançou 1.963 pontos – 11% a mais do que na terça-feira –, e o índice Merval da Bolsa de Valores de Buenos Aires registrou queda de 1,86%. Segundo o jornal El Cronista, o mercado financeiro não descarta a possibilidade de a taxa de risco superar a barreira de 2.000 pontos.
Em um segundo gesto nesta quarta-feira para acalmar os mercados da Argentina, Macri fez um chamado a todos os seus adversários eleitorais em prol de uma harmonização de mensagens sobre a economia, para evitar maiores tensões. Macri conversou com Fernández por telefone e, pelo Twitter, disse que seu concorrente “se comprometeu a colaborar em tudo que seja possível para que o processo eleitoral e a incerteza que ele gera afetem o mínimo possível a economia argentina”.
Não há indicação de que maneira Fernández poderia contribuir para acalmar os mercados. Macri sublinhou que o adversário demonstrou “vocação de tentar levar tranquilidade aos mercados sobre os riscos de uma eventual alternância de poder”. “Ficamos de manter uma linha direta aberta entre nós dois.”
O próprio Fernández reconheceu que todos querem que as eleições transcorram com tranquilidade. Mas lembrou que Macri e ele representam “coisas diferentes” e que sua campanha propõe uma “lógica distinta de funcionamento da economia”. “Para mim, não é fácil dar aval às suas políticas”, afirmou.