Os representantes da campanha do candidato egípcio à Presidência Ahmed Shafiq insistiram nesta terça-feira que o ex-primeiro-ministro venceu as eleições presidenciais com 51,5% dos votos, e acusaram a Irmandade Muçulmana de anunciar números errados. “Temos os números corretos. Temos certeza de que o próximo presidente do Egito será Ahmed Shafiq”, disse em entrevista coletiva no Cairo o porta-voz da campanha, Ahmed Sarhan.
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Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
- • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que foi condenado por premeditar essas mortes.
- • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cedeu à pressão e renunciou ao cargo, deixando o Cairo; em seu lugar assumiu a Junta Militar, que segue no poder até o resultado das eleições.
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O funcionário afirmou que Shafiq supera por meio milhão de votos o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, que também se declarou ganhador das eleições, realizadas no fim de semana passado. Para o porta-voz, o grupo islâmico, ao afirmar que venceu as eleições, provocou “um tsunami nos meios de comunicação”. Apesar disto, os números da imprensa em sua maioria coincidem com os divulgados pelos islamitas.
Outro representante da campanha de Shafiq, Karim Salem, argumentou que, como a maioria dos meios de comunicação não têm correspondentes nas zonas eleitorais, eles “se baseiam nos resultados oferecidos pela Irmandade Muçulmana”. Salem acrescentou que Shafiq, que foi o último primeiro-ministro do regime de Hosni Mubarak, obteve 13 milhões de votos e que a campanha de Mursi está brincando com todo o Egito. Salem disse, ainda, que assim que a Comissão Eleitoral anunciar publicamente os resultados, o que está previsto para acontecer nesta quinta-feira, Shafiq irá pessoalmente participar das celebrações por sua vitória.
Irmandade – Já o porta-voz de Mursi, Ahmad Abdel Ati, insistiu que seu candidato é o vencedor das eleições, com 52% dos votos, e que seus números são verdadeiros e comunicados pela Comissão Eleitoral. Ambos os candidatos se declararam vencedores na segunda-feira e suas campanhas fizeram várias denúncias de supostas irregularidades cometidas nas eleições.
A Irmandade Muçulmana participa nesta terça, ao lado de outros partidos e grupos revolucionários, de manifestações contra as últimas manobras políticas da Junta Militar. Nos últimos dias, o Parlamento, dominado pelos islamitas, foi dissolvido e os dirigentes militares promulgaram polêmicas emendas à Declaração Constitucional (Carta Magna provisória), por meio da qual assumiram várias atribuições.
(Com agência EFE)