O Irã continua respeitando os compromissos do acordo nuclear assinado em 2015, informou nesta quinta-feira (30) a Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA). A posição da AIEA foi explicitada justamente quando Estados Unidos e Israel se articulam para a adoção de sanções adicionais a Teerã.
Em seu relatório, a AIEA informou ter tido acesso a “todos os locais que desejava inspecionar no Irã”. Reiterou, porém, a importância da “cooperação proativa e oportuna do Irã para garantir tal acesso” a seus inspetores.
Esta não foi a primeira vez que a AIEA exprimiu uma posição técnica que contraria os argumentos dos governos dos Estados Unidos e de Israel sobre a adequação do programa nuclear iraniano aos termos do acordo firmado em 2015 com seis países. Washington se retirou desse acordo em maio e, neste mês, retomou parte das sanções econômicas anteriormente aplicadas.
A AIEA constatou que os estoques de urânio e de água pesada com baixo teor de enriquecimento aumentaram ligeiramente no Irã desde o último relatório em maio. Mas destacou que esses níveis permanecem dentro dos limites acertados no acordo de 2015.
Fragilizada antes das sanções, a economia iraniana sofreu novo golpe com a adoção das medidas americanas restritivas aos investimentos e negócios internacionais no país, sobretudo no setor petroleiro. Ontem, o supremo líder do Irã, aiatolá Ali Khamenei disse que Teerã se retirá do acordo de 2015 se não corresponder aos interesses nacionais.
A saída do Irã do acordo poderá significar a retomada do programa nuclear militar. Em junho, como meio de pressão, o governo iraniano anunciou um plano para aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio para o caso de o acordo nuclear fracassar totalmente.
Khamenei continua a negociar com os parceiros europeus do acordo — França, Reino Unido e Alemanha. Como gesto de boa vontade, a União Europeia prometeu um pacote de 50 milhões de euros para projetos de apoio à economia e ao desenvolvimento social.
(Com AFP)