Começou neste sábado, no Afeganistão, a eleição que vai definir o sucessor do presidente Hamid Karzai, na primeira transição democrática da história do país árabe. As seções de voto abriram as portas às 7h locais (23h30 no horário de Brasília) e começaram a receber os primeiros eleitores em uma manhã de chuva na capital Cabul. Treze milhões de pessoas estão aptas a votar. A eleição é considerada um teste para a estabilidade do Afeganistão e a solidez de suas instituições antes da retirada, até o fim do ano, das forças internacionais da Otan.
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Terrorismo – O processo eleitoral acontece sob forte esquema de segurança por causa da ameaça dos talibãs, que intensificaram os ataques às vésperas do pleito e prometeram sabotar as eleições com atentados. Segundo a rede BBC, todos os 400.000 homens que compõem o contingente das forças de segurança afegãs participam da operação. O primeiro incidente terrorista foi registrado logo nas primeiras horas da votação: quatro pessoas ficaram feridas, uma em estado grave, após uma explosão em uma seção eleitoral na província de Logar. Na sexta-feira, duas jornalistas da agência americana Associated Press foram assassinadas a tiros na cidade de Khost, no leste do país.
Oito candidatos participam da disputa para assumir o lugar de Karzai, o único presidente do país desde a queda dos talibãs, em 2001, e que não pode disputar um terceiro mandato, segundo a Constituição. Entre os favoritos na corrida eleitoral estão Zalmai Rasul, ex-ministro das Relações Exteriores, Ashraf Ghani, um economista de grande reputação, e Abdullah Abdullah, líder da oposição que ficou em segundo lugar na votação de 2009, que reelegeu Karzai. Os resultados preliminares do primeiro turno serão divulgados no dia 24 de abril. O eventual segundo turno está previsto para 28 de maio.
ONU e Otan – Enviado especial da ONU em Cabul, Jan Kubis avaliou que esta eleição foi “muito melhor preparada” do que o pleito de 2009, uma votação caótica marcada por fraudes e intimidações. Kubis destacou que a presença de uma “avalanche” de observadores afegãos é um elemento positivo para a credibilidade da eleição, apesar da redução do número de observadores internacionais devido à violência.
Secretário-geral da Otan, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen considera “crucial” que o processo eleitoral no Afeganistão seja “inclusivo e transparente”. “Em apenas três dias, o povo afegão expressará seu voto nas eleições presidencial e provincial. Trata-se de um momento-chave para o Afeganistão”, declarou Rasmussen. O secretário-geral reafirmou o “compromisso” da Otan no país, mas repetiu que se Cabul não assinar o acordo de segurança bilateral com os Estados Unidos, “não haverá missão” para suceder a Isaf, cujo mandato expira no fim do ano.
A Otan continua a liderar a operação de treinamento das forças afegãs e continuará “a missão anti-terrorista” contra a Al-Qaeda. Washington aguarda o sucessor do presidente afegão para assinar o acordo que prevê a manutenção de 10 mil soldados até o final de 2016 no Afeganistão.
(Com agência France-Presse)