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‘Achei que ele fosse me estuprar’, diz acusadora de Kavanaugh ao Senado

Senadores americanos ouvem depoimento de professora que acusa juiz indicado à Suprema Corte de agressão sexual

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 set 2018, 13h53 - Publicado em 27 set 2018, 12h45
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  • A professora universitária Christine Blasey Ford, que acusa o juiz indicado para Suprema Corte dos Estados Unidos Brett Kavanaugh de tê-la agredido sexualmente nos anos 1980, comparece nesta quinta-feira (27) a uma audiência no Senado americano.

    Em seu testemunho inicial ao Comitê Judicial do Senado, Christine afirmou que no momento da agressão pensou que Kavanaugh fosse estuprá-la ou sufocá-la acidentalmente.

    A professora de psicologia na Universidade de Palo Alto também disse que o incidente “alterou drasticamente” a sua vida, causou problemas de pânico e estresse, além de dificuldades acadêmicas e sociais.

    Segundo o relato da mulher, a agressão ocorreu durante uma festa em um verão no início da década de 1980, quando Kavanaugh, então estudante de um liceu nos arredores de Washington, estava alcoolizado. Christine tinha 15 anos e o agora juiz, 17.

    Ele e um amigo, identificado como Mark Judge, teriam empurrado Ford para um quarto e a encurralado em uma cama. Segundo a mulher, Kavanaugh subiu em cima dela e tentou tirar suas roupas, enquanto seu amigo observava.

    “Brett me agarrou e tentou tirar minhas roupas. Ele teve dificuldades porque estava muito bêbado e eu estava usando um maiô debaixo das minhas roupas”, relatou Christine ao Senado. “Eu acreditava que ele ia me estuprar”, afirmou.

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    “Eu tentei gritar por ajuda e Brett colocou a mão sobre minha boca para me impedir de gritar. Isso foi o que me apavorou ​​mais e teve o impacto mais duradouro em minha vida”, disse. “Era difícil para respirar e eu pensei que Brett ia acidentalmente me matar”, contou.

    Christine finalmente conseguiu escapar quando outro colega de turma de Kavanaugh foi para cima deles. Nesse momento, os três caíram no chão e a mulher conseguiu sair do quarto, primeiro, para se trancar rapidamente em um banheiro, antes de fugir da casa.

    Ela afirmou não ter contado nada sobre o ataque até 2012, quando o mencionou durante uma terapia para casais, ao lado de seu marido.

    “Por muito tempo eu estava com medo e envergonhada de contar os detalhes para qualquer pessoa”, afirmou. “Eu estava convencida de que porque Brett não me estuprou eu seria capaz de superar e fingir que nunca tinha acontecido.”

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    Christine afirmou ainda que depois da agressão sofreu com “ansiedade, fobia e sintomas de estresse pós-traumático” e claustrofobia. “Eu sofri academicamente, sofri na faculdade para fazer novas amizades, especialmente com garotos”, disse.

    Segundo a professora, sua decisão de relatar o ocorrido foi tomada depois que Donald Trump apontou Brett Kavanaugh como seu indicado para ocupar um cargo vitalício na Suprema Corte.

    “Minha motivação em me apresentar foi fornecer os fatos sobre como as ações do senhor Kavanaugh prejudicaram minha vida, para que vocês possam levar em consideração enquanto tomam sua decisão sobre como proceder”, afirmou Ford aos senadores, que devem decidir até segunda-feira (1) se aceitam a indicação do juiz.

    Denúncias

    Christine já havia detalhado as acusações contra Brett Kavanaugh em cartas confidenciais endereçadas a um congressista e depois à senadora democrata pela California Diane Feinstein, que integra o Comitê Judicial do Senado.

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    Em meados de setembro, contudo, a professora acusou Kavanaugh publicamente em uma entrevista ao jornal The Washington Post e aceitou testemunhar perante os senadores para contar sua história.

    Segundo Christine, desde que o caso se tornou público ela e sua família vem recebendo ameaças constantes, que a obrigaram a mudar de casa diversas vezes e andar sempre acompanhada por seguranças.

    O que está em jogo em Washington não é pouca coisa. Trata-se da nomeação de um juiz conservador, em caráter vitalício. A indicação Kavanaugh poderá deixar em minoria os juízes progressistas, ou moderados, da Suprema Corte, uma Casa que decide sobre temas-chave da sociedade americana.

    Kavanaugh também testemunhará no Comitê Judicial do Senado nesta quinta-feira (27). O juiz nega as acusações e afirma que durante o período em que a suposta agressão teria ocorrido ele somente se dedicava aos estudos, à prática de basquetebol e à Igreja, e não bebia.

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    Desde que fez estas declarações à imprensa, diversos colegas de escola do juiz se pronunciaram, afirmando que as afirmações são falsas e que Kavanaugh costumava beber muito e demostrava comportamentos agressivos quando estava alcoolizado.

    Novas acusações

    Além de Christine, outras duas mulheres acusaram o juiz publicamente de assédio sexual. Debora Ramírez, colega de Kavanaugh na Universidade de Yale, revelou ao jornal The New York Times que ele irou a roupa, bêbado, durante uma festa em uma residência de estudantes nos anos 1980. Segundo ela, o juiz colocou o pênis em seu rosto e a fez tocá-lo sem seu consentimento, enquanto ela tentava tirá-lo de cima.

    A terceira mulher, Julie Swetnick, revelou ter testemunhado abusos de outras mulheres em festas que os dois frequentavam.

    Até agora, apesar das novas denúncias de supostos abusos cometidos por Kavanaugh, Trump manteve seu apoio ao juiz. Se Christine Blasey Ford conseguir convencer o presidente americano em seu testemunho de hoje, o presidente disse que poderia renunciar a seu candidato e propor outra pessoa.

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