O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, disse nesta quinta-feira (27) que Jerusalém “não está à venda” e criticou Israel e os Estados Unidos por terem criado obstáculos para o fim do conflito no Oriente Médio.
“Jerusalém não está à venda. Os direitos do povo palestino não estão aqui para serem negociados”, foram as primeiras palavras do dirigente em seu discurso na sessão de abertura da Assembleia Geral da ONU, antes mesmo da invocação a Alá com a qual os líderes muçulmanos iniciam seus discursos.
O presidente da ANP também pediu ao mundo que repudie a lei “Estado-nação” aprovada em Israel, qualificando-a de “racista”, e acusou os EUA de serem contrários ao processo de paz, visto as decisões tomadas pelo governo de Donald Trump.
A Casa Branca cortou a ajuda anual de 200 milhões de dólares aos palestinos no final de agosto. Em maio, transferira a a embaixada americana de Tel-Aviv para Jerusalém, como meio de remarcar o seu reconhecimento da cidade como capital de Israel. Não houve nenhuma menção sobre a reivindicação dos palestinos de Jerusalém Oriental como sua capital.
Segundo Abbas, os palestinos estavam “ansiosos” diante da ideia de Trump de lançar uma nova iniciativa para a paz. Mas as ações da Casa Branca os deixaram “mudos”. Ele insistiu que medidas como o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel “contradizem” o papel e o compromisso dos EUA com a paz.
A VEJA, em maio, Abbas afirmou que os Estados Unidos já não poderiam mais ser considerados como mediadores confiáveis de um processo de paz entre israelenses e palestinos. Hoje, diplomaticamente, disse que Washington não é mais o único mediador, dada sua parcialidade a favor dos israelenses.
O líder dos palestinos, porém, mostrou-se aberto à continuidade das discussões como membro do Quarteto para a Paz. As ações de Trump, ressaltou Abbas, representam uma “ameaça” para a causa palestina, para a solução defendida pela comunidade internacional e são uma “violação” das resoluções das Nações Unidas.
Abbas discursou na Assembleia-Geral das Nações Unidas depois de Trump afirmado ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que teria um plano de paz a ser apresentado até janeiro de 2019 e que gostaria de ver o acordo concluído antes do término de seu mandato, em 2022.
Trump mostrou-se ainda favorável à “opção de dois Estados”, referência ao modelo apoiado pela ONU no qual Israel e Palestina seriam estados soberanos, com fronteiras definidas. Mas, em seguida, abriu novamente as portas para uma opção de um só estado, ressaltando que as duas possibilidades continuam sobre a mesa.
Abbas reiterou o compromisso dos palestinos com a solução de dois estados e se disse aberto ao diálogo. Mas pediu aos Estados Unidos que desistam de suas recentes decisões, incluindo os cortes na ajuda que oferecem à população palestina. Ressaltou ainda que, mesmo que os recursos fossem aumentados, jamais substituirá uma solução política para o conflito palestino-israelense.
Abbas aproveitou seu discurso na ONU para pedir a todos os países que não reconhecem a Palestina que o façam e que contribuam para aliviar a difícil situação financeira da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) após os cortes dos EUA.
(Com EFE)