Cerca de 80% dos refugiados venezuelanos na Colômbia sofrem de insegurança alimentar, segundo uma pesquisa elaborada pelo Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) e apresentada nesta sexta-feira (14).
De acordo com o porta-voz do PMA, Herve Verhoosel, as famílias que fugiram da Venezuela podem ficar nos centros de assistência na fronteira colombiana por três a cinco dias e depois devem sair para ceder espaço aos recém-chegados.
Além disso, a situação deles é de extrema vulnerabilidade, pois não possuem fontes de renda para se alimentar.
“No caso de encontrarem (alimento) ou alguém lhes der comida, ela não é suficientemente nutritiva, nem suficientemente diversificada”, explicou Verhoosel.
O PMA está ajudando os recém-chegados, mas existe “uma ampla falta de serviços básicos, eles enfrentam riscos de proteção e não sabem quando comerão de novo”.
Até o momento, o PMA distribuiu comida para os refugiados nos departamentos de Arauca, La Guajira e Norte de Santander. Além disso, foram distribuídos cartões pré-pagos no valor de 75 dólares (310 reais) para 19.500 pessoas nestes três departamentos para que possam comprar alimentos.
Segundo dados do governo da Colômbia, quase 1 milhão de venezuelanos entraram no país nos últimos meses, a metade por fronteiras informais.
Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) mostram que há sete pontos de fronteira legais, porém mais de 110 ilegais, enfatizou o porta-voz do PMA.
Segundo a ONU, cerca de 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão abandonou o país desde 2015, com a piora da escassez de medicamentos e alimentos em meio à hiperinflação que corrói os salários.
A maioria dos venezuelanos emigrou para os países vizinhos da América do Sul. Além do 1 milhão de venezuelanos vivendo na Colômbia, o Equador recebeu cerca de 340.000. O Peru tornou-se destino de 414.000 venezuelanos. O Brasil acolheu cerca de 60.000.
Roraima tornou-se a principal porta de entrada de venezuelanos no Brasil. Com a ajuda da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o governo adotou um programa mais intenso para transferir venezuelanos para outras cidades e estados do país.
No final de agosto, o presidente Michel Temer assinou decreto que autoriza e facilita a ação do Exército no estado.
A decisão foi tomada pouco depois de cenas de violência na cidade fronteiriça de Pacaraima. Venezuelanos tiveram seus acampamentos e pertences queimados e destruídos por brasileiros revoltados com o assalto e a agressão a um comerciante local em 18 de agosto.
(Com EFE)