Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

É drinque ou suco? Coquetéis sem álcool ganham força e fãs no Brasil

Coloridos e mais saudáveis, eles já estão entre os pedidos favoritos da geração Z

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h12 - Publicado em 29 out 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Eu queria provar essa bebida nova. Nós não fazemos outra coisa, não é? Olhar para as coisas e provar bebidas novas.” A frase, extraída do conto Colinas Como Elefantes Brancos, foi escrita por Ernest Hemingway, notório e inigualável apaixonado por doses etílicas. Se o autor fosse transportado para um bar do século XXI, talvez lhe fosse oferecido um drinque sem álcool. A reação, irônica ou irada, fica para a imaginação de cada um. O fato é que os mocktails, como foram apelidados os coquetéis não alcoólicos, ganham espaço nas cartas de pubs, baladas e restaurantes, e atraem o interesse do público mais jovem. Caíram no gosto da parcela fitness, que não abre mão do cuidado com a saúde. E, aos poucos, começam a vencer a resistência e a aversão — para espanto dos puristas inveterados.

    The-View_Asian-Beat_Foto_Rodolfo-Regini_0Q2A1875.jpg
    PARA AS REDES - Sem aditivos e com pose para a foto: mocktails atraem público mais jovem (Rodolfo Regini/.)

    No Brasil, o fenômeno vem na esteira da popularização da cerveja zero álcool (leia no quadro). Tanto ela como os drinques sem vodca, uísque, cachaça e companhia registraram aumento nas buscas pelo Google, reflexo da atenção que abocanham. Segundo a plataforma Pinterest Predicts, a procura por termos como “bar de mocktails” cresceu 75% e por expressões como “bebidas sem álcool sofisticadas” decolaram 220%. Hoje, qualquer cardápio que se preze deve contar com esse tipo de drinque. As vendas crescem. De acordo com o estudo MenuTrends, da Datassential, consultoria especializada em alimentos e bebidas, a presença dos drinques sem álcool nos menus ao redor do mundo disparou 223% nos últimos quatro anos. Entre os responsáveis por esse boom estão principalmente os representantes da geração Z — os nascidos entre 1995 e 2010, que têm curtido menos o álcool. “Essas opções chegam para atender jovens que têm hábitos saudáveis e praticam esportes, mas que, ao mesmo tempo, não querem deixar de aproveitar os eventos e experimentar novos sabores”, afirma a nutricionista Cynthia Antonaccio, líder da consultoria Equilibrium Latam.

    Há, naturalmente, em tempo de redes sociais, do ver e curtir, o fascínio pelo copo bonito e colorido e, portanto, instagramável (ah, se Hemingway soubesse disso). “Usamos muitas frutas porque essa geração prefere bebidas sem adição de açúcar e com uma bela apresentação para poder postar”, admite Wanderson Lima, do The View Bar, na capital paulista. Não por acaso, bombam no TikTok e afins: a hashtag #mocktail ultrapassa 1,3 bilhão de visualizações.

    arte-bebidas

    Continua após a publicidade

    Convém, contudo, não desdenhar da tendência, para além do aspecto estético. A ideia é não deixar nada a desejar aos coquetéis clássicos — pelo menos em matéria de aparência e sabor. “Lá atrás, quando se falava em drinques sem álcool, a gente olhava com preconceito”, diz Marcelo Serrano, bartender do restaurante Bambu, em São Paulo, conhecido por ser o criador de uma edição especial de moscow mule com espuma de gengibre. “Mas agora se sabe que é possível fazer ótimas criações, com combinações inusitadas.” E dá-lhe frutas, especiarias, chás, tônica… O céu parece ser o limite, em um festival de ingredientes e receitas. “Sem o álcool, a bebida fica mais neutra, e podemos trabalhar mais o aroma, o sabor e a apresentação”, diz Serrano.

    Os jovens, engajados e conscientes — e, claro, atentos aos dissabores das ressacas intermináveis e das blitze policiais da madrugada —, não veem graça nenhuma em louvar posturas como as do mítico chanceler britânico Winston Churchill (1874-1965) e uma de suas tiradas impagáveis, na defesa do maior de seus prazeres, além do permanente sarcasmo: “Eu já tirei mais do álcool do que o álcool tirou de mim”. Não é mais assim. Como toda novidade incomoda, há quem apenas vire o rosto para a pequena revolução. Mas ela é interessante demais para ser rejeitada. Aos que torcem o nariz, cabe lembrar que a palavra mocktail tem raiz na palavra em inglês mock, que significa “zombar”. A aventura de consumo, no entanto, ficou séria. Tim-tim.

    Sem tanta moderação

    CERVEJA ZERO - Pelas beiradas: categoria cresceu 24%
    CERVEJA ZERO - Pelas beiradas: categoria cresceu 24% (Aroon Phukeed/Getty Images)
    Continua após a publicidade

    O consumo de cerveja zero álcool vem crescendo no Brasil e lá fora. No mercado global, já corresponde a cerca de 3% das vendas, superando 6,5 bilhões de litros comercializados em 2022, segundo o Euromonitor. Até o fim deste ano, dos 16 bilhões de litros de cerveja que o Brasil deve produzir, 480 milhões de litros são das versões sem álcool. Isso representa um crescimento de 24% nesse mercado em relação a 2021.

    Não à toa, marcas como Heineken e Brahma investem pesado na categoria. Hoje, além das bebidas zero, o consumidor encontra nas gôndolas rótulos low alcohol, cujo teor alcoólico não supera 4%. A melhora no sabor, fruto de alta tecnologia, foi fator decisivo para a maior aceitação do segmento, que ainda aposta em versões low carb (com menos carboidrato) e ingredientes excêntricos, como frutas nativas e especiarias.

    Publicado em VEJA de 27 de outubro de 2023, edição nº 2865

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.