Para uma prova no automobilismo acontecer, em autódromo ou em estradas, são precisos dois itens básicos: um carro e o piloto. Em breve esta combinação não será mais necessária. Está em fase adiantada um projeto com corridas entre veículos autônomos, sem a presença de um ser humano ao volante ou no controle: a categoria Roborace – disputada pelos robocars.
O robocar é a representação do que há de mais revolucionário nas pistas. Com um design futurista, foi desenhado por Daniel Simon, criador de veículos utilizados em filmes de ficção científica como Tron: O Legado e Oblivion.
Ao longo da carenagem (com 4,8 metros de comprimento, por 2 de largura), estão espalhados dois radares, 18 sensores ultrassônicos, dois sensores ópticos de velocidade e seis câmeras, entre outros equipamentos. O “cérebro”, um hardware da empresa Nvidia, é capaz de fazer 24 trilhões de cálculos por segundo, por meio de complexos algoritmos programados por engenheiros. Toda essa parafernália faz com que o carro detecte obstáculos, curvas e outros veículos, e não bata em nada. Tudo isso a 320 km/h, sua velocidade máxima, resultada de quatro motores elétricos.
O projeto, idealizado por um grupo de investidores com o mesmo nome do carro futurista, acontece paralelamente à Fórmula E. A categoria de veículos elétricos, que vai para sua quarta temporada, conta com diversos ex-pilotos da Fórmula 1, como os brasileiros Nelsinho Piquet e Lucas di Grassi, e virou uma plataforma de exibição. Na etapa de Paris, em maio deste ano, o Roborace deu uma volta no circuito de rua montado ao redor do palácio Les Invalides.
“Não é como um autorama, em que o carro é colocado no trilho e tem uma pessoa controlando. Quem controla o Roborace é a inteligência artificial. O carro é capaz de saber onde está a pista, onde acelerar e frear. Um veículo desses pode ir de São Paulo a Campinas sozinho. Na demonstração feita em Buenos Aires, um cachorro entrou na pista e o carro desviou. A ideia é colocá-lo para andar em Le Mans e na subida de Goodwood, e estabelecer recordes de carros autônomos”, falou Di Grassi, atual campeão da Fórmula E pela Audi e que está envolvido no projeto Roborace.
Ainda não há uma previsão de quando será a primeira prova, nem como será seu formato. Mas a proposta é que as corridas tenham um DNA mais do entretenimento do que de esporte.
“Queremos colocar obstáculos na pista do Roborace. Ele vai precisar desviar de caminhões e pessoas virtuais. E o espectador na arquibancada vai ver tudo isso com realidade aumentada, em seu telefone, ou com óculos de realidade virtual. Mas não sabemos ainda como será o modelo, se vai ter uma corrida, uma prova com obstáculos ou dois carros correndo na contramão”, disse o piloto brasileiro.