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‘¿Qué mirás, bobo?’ Messi encarna de vez sua versão mais ‘maradoniana’

No triunfo sobre a Holanda, o camisa 10 fez de tudo: balançou as redes, apoiou os colegas, bateu boca com rivais e reclamou até da Fifa

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2022, 09h46 - Publicado em 10 dez 2022, 08h07

DOHA – Houve um tempo, nem tão distante, em que se dizia que Lionel Messi, apesar do inigualável talento, jamais poderia ganhar plenamente o coração dos argentinos por ser, supostamente, muito introspectivo, calado, sem vontade, bonzinho demais… um pecho frío, na expressão portenha. Pela forma genial de jogar, com a bola colada ao pé canhoto, e a camisa 10 às costas, a comparação era inevitável: esperava-se do rapaz nascido em Rosário e criado em Barcelona que tivesse também a rebeldia que transformou Diego Armando Maradona em um Deus para os hermanos. E justamente no primeiro Mundial sem Dieguito, morto em 2020, Messi vem mostrando ao mundo uma nova versão, a melhor delas, a mais “maradoniana”, aos 35 anos.

O craque do PSG já vem assumindo há anos uma postura de liderança, com direito a alguns rompantes antes inimagináveis. Na Copa América de 2019, vencida em casa pelo Brasil, ele esbravejou contra a arbitragem  “Não nos deixaram chegar na final”, disse. “Não temos de fazer parte desta corrupção, da falta de respeito de toda essa Copa América”. Uma bravata que Diego assinaria embaixo. Mas foi diante da Holanda do falastrão Louis Van Gaal que Messi mostrou sua versão contestadora. Fez gol, deu assistência, provocou rivais, bateu boca e questionou até a Fifa. 

‘¿Qué mirás bobo?’ Andá para alla” (Está olhando o que, bobo? Vai para lá”) é a frase que roda o mundo e gera divertidos memes. O olhar atravessado de Messi na entrada dos vestiários tinha como destino Wout Weghorst, autor do gol da Holanda, que o encarava. O jogador holandês posteriormente alegou que só queria a camisa de Messi, que, no entanto, estava caliente.“O 19 deles [Weghorts], desde que entrou, começou a provocar. Me parece que isso não é parte do futebol”. 

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Mas o alvo da fúria de Messi era mesmo Van Gaal. Na véspera, o veterano treinador holandês, conhecido por ter diversos desafetos sul-americanos como o brasileiro Rivaldo e os argentinos Juan Román Riquelme e Ángel Di María, disse que Messi “nem sempre está muito envolvido quando o adversário tem a posse de bola. Talvez seja também a nosso oportunidade.” O camisa 10 ficou furioso e deu a resposta em campo e fora dele.

Ao comemorar seu gol de pênalti, se dirigiu ao banco holandês e botou as duas mãos nas orelhas, a mais célebre comemoração de Riquelme,  chamada de “Topo Gigio”, na Argentina, em referência ao ratinho italiano de orelhas enormes que fez sucesso na TV décadas atrás. Consumada a vitória, depois de abraçar seus companheiros, voltou ao local onde estava Van Gaal para bater boca com ele e com o auxiliar Edgar Davids, numa rixa entre três ex-Barcelona.

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“Van Gaal vende a ideia que joga bom futebol, mas dá chutões”, afirmou Messi à imprensa local. “Não gosto que falem antes das partidas. Isso não é parte do futebol. Eu sempre respeito todo mundo, mas gosto que me respeitem também. Van Gaal não foi respeitoso conosco”. Sobrou até para o árbitro Antonio Mateu Lahoz, com quem teve diversos problemas durante seu tempo na Espanha, e para a Fifa: “Não quero falar sobre o árbitro porque depois sabe como é, te sancionam, não posso ser sincero, não posso falar o que penso. Mas acho que as pessoas viram o que foi. Tínhamos medo antes da partida, porque sabíamos o que era. Creio que a Fifa tem que fazer algo. Não podem colocar um árbitro assim numa ocasião dessas”.

Eis o Messi mais maradoniano, com direito a uma menção ao ídolo, que foi seu treinador na Copa de 2010. “Desde o início, dissemos que Diego está nos vendo e nos empurrando de cima. Tomara que continue assim até o final”. O mais triste para os brasileiros – e possivelmente também para os argentinos – é saber que que esta versão tão apaixonante de Messi foi privada de um clássico sul-americano na semifinal graças a um inexplicável gol nos acréscimos. Na semifinal, a Argentina encara a Croácia.

Maradona e Messi juntos na Copa do Mundo de 2010 -
Maradona e Messi juntos na Copa do Mundo de 2010: comparações inevitáveis (Gabriel Bouys/AFP)
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