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O apogeu do ‘patinho feio’ do tênis

Sem carisma e de jogo pouco plástico, britânico Andy Murray fatura bicampeonato olímpico naquela que é a melhor temporada da sua carreira

Por Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 ago 2016, 01h26 - Publicado em 15 ago 2016, 01h17

É tarefa inglória se destacar no tênis em uma era com Novak Djokovic, Rafael Nadal e Roger Federer. O britânico Andy Murray, de 29 anos, cumpre a missão este ano, chegando até o momento a todas as finais de Grand Slam de 2016 (perdeu na Austrália e Roland Garros, venceu Wimbledon) e sagrando-se agora bicampeão olímpico Rio de Janeiro. Tudo fiel ao seu estilo: poucas palavras, sorrisos escassos e empatia limitadíssima com o público.

Mas por que o britânico não é tão badalado? A observação de suas reações ao longo da semana trazem algumas destas respostas. Murray não foi em nenhum momento aquele cara que a torcida brasileira apoiou incondicionalmente durante o torneio de simples (só o fez hoje porque o adversário no Centro de Tênis era um argentino, o incansável Juan Martín Del Potro). Na tarde deste domingo, Murray chegou até a irritar aqueles que o apoiavam quando se mostrava irritado com ruídos nas arquibancadas. No quarto set, o jogador culpou a torcida por causa de um erro em uma deixadinha. “A atmosfera na quadra estava ótima”, desconversou ao fim da partida, quando perguntado sobre os barulhos na quadra.

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As conversas com a imprensa, aliás, foram outros termômetros para diferenciar Murray dos seus concorrentes no ranking mundial. No dia da eliminação de Djokovic para Del Potro, Murray e seu irmão Jamie também haviam sido derrotados no torneio de duplas. Ao contrário do sérvio, que se mostrava muito abatido com o revés, os britânicos agiram friamente à derrota para os jornalistas na zona mista do Centro de Tênis. Hoje, logo após abocanhar o ouro (ou seja, em uma conjuntura oposta), o jeito blasé foi mantido. O introvertido jogador dizia estar muito feliz sem esboçar qualquer sinal de alegria. Mesmo para tirar selfies com fãs, era difícil arrancar um sorriso de Murray. “Foi uma das decisões mais duras da minha vida. Bem mais difícil do que em Londres em 2012”, disse, referindo-se à sua medalha de ouro na Olimpíada anterior.

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Nestes Jogos, a verdade é que o brasileiro se preparou para torcer por Djokovic. O sérvio já ganhara a simpatia do público brasileiro ao demonstrar devoção à Guga antes de pisar no Rio (ele tem o brasileiro como ídolo – até comercial juntos já gravaram). Com a queda de Djoko, restou ao público torcer para Nadal, figurinha fácil em edições recentes do Rio Open. O plano durou pouco. Mesmo com a maioria da torcida desfavorável, Del Potro acabou eliminando o espanhol nas semifinais de sábado.

Em um ambiente de feroz competição, a falta de uma marca registrada também dificulta a carreira de Murray. O britânico não joga um tênis plástico, tampouco tem números superlativos no circuito. Aos 35 anos, Federer é o maior ganhador de Grand Slams de todos os tempos (17 ao todo). Já Nadal, 30, tornou o suíço um freguês de carteirinha (23 vitórias a 11 no confronto direto), além de ter conquistado 14 Grand Slams na carreira (empatado com o americano Pete Sampras, o segundo maior ganhador da história). Por fim, Djokovic, 29, superou os dois no confronto direto (23 a 22 contra Federer e 26 a 23 contra Nadal), além de ter 12 Grand Slams no currículo. O sérvio é o atual número um do ranking.

Murray tem números muito abaixo do que Federer, Nadal e Djoko (são “apenas” três Grand Slams no currículo). Mas o desempenho em 2016 o tornou o melhor jogador do circuito neste momento. “Os últimos meses são os melhores da minha carreira. Vou tentar continuar assim, o US Open começa daqui a duas semanas”, conclui Murray. Como sempre, com seu jeito sisudo de ser.

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