Se no Brasil a moda das Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) está apenas no início, na Europa a gestão de clubes-empresa já é bastante comum. Tal qual Botafogo e Cruzeiro por aqui, o Milan é um gigante do futebol italiano em busca de renascimento. O time, aliás, lidera o Campeonato Italiano e busca encerrar um jejum de títulos que já dura 11 anos. Neste viés de alta, o Milan recebeu uma boa proposta para mudar de dono (mais uma vez).
Segundo informações da agência Reuters nesta sexta-feira, 15, a gestora de ativos Investcorp, com sede no Bahrein, está em negociações avançadas para comprar o clube de Milão do atual proprietário, o fundo de investimentos americano Elliott Management Corporation.
Por ora, o Milan, bem como as duas empresas envolvidas, não confirma a informação passada à Reuters por uma fonte próxima à negociação. A Investcorp, domiciliada no Bahrein e com escritórios escritórios em diversos países, é presidida pelo empresário Mohammed Alardhi, de Omã, e administra mais de 42 bilhões de dólares em ativos.
Sete vezes campeão da Liga dos Campeões, o Milan atravessa mais de uma década de turbulência financeira e esportiva. Em 2017, o clube foi vendido por 740 milhões de euros (2,5 bilhões de reais na cotação da época) ao empresário chinês Li Yonghong, pondo fim à vitoriosa era Berlusconi – o magnata e ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi presidia o time desde 1986.
O grupo chinês, porém, não conseguiu assumir todas as dívidas e, após punição por violação às regras do Fair Play financeiro da Uefa, repassou o controle da gestão ao fundo de investimentos Elliott Management. O time conseguiu, ao menos, voltar às competições europeias e, neste ano, pode reconquistar o scudetto de campeão italiano. Faltando cinco rodadas, a equipe rubro-negra lidera a Série A com 71 pontos, dois a mais que a rival Inter de Milão.
Além do Milan, diversos outros gigantes europeus foram comprados por investidores estrangeiros nos últimos anos. A atual campeã Inter é propriedade da empresa chinesa Suning Holdings Group. Ainda na Itália, Roma, Fiorentina e Atalanta também têm donos americanos.
Investidores do Oriente Médio também estão no jogo: a Qatari Sports Investments, subsidiária do fundo soberano do Catar, é proprietária do Paris Saint-Germain, enquanto o Manchester Cityé controlado pelo Abu Dhabi United Group, dos Emirados Árabes Unidos. Mais recentemente, o Newcastle United, da Inglaterra, foi comprado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita.
Os casos são constantemente tratados como mecanismos de sportwashing, termo que define o uso do esporte como forma de melhorar a imagem de países encrencados em denúncias de violação aos direitos humanos.