Leopoldo Luque
Jogador de futebol
O centroavante de vasto bigodão a emoldurar o rosto, um tanto desajeitado, e cuja imagem parecia a de uma caricatura de Quino, ajudou a Argentina a ganhar a Copa do Mundo de 1978, disputada em casa, durante a sanguinária ditadura militar. Fez uma dupla infernal com Mário Kempes (ele, sim, sensacional). Luque, o coadjuvante, marcou quatro gols no torneio, dois dos quais na infame vitória por 6 a 0 contra o Peru, que resultaria na eliminação do Brasil, o “campeão moral”, na definição do treinador Claudio Coutinho. Luque jogou pelo Rosario Central, River Plate e Racing. Em 1983, teve rápida passagem pelo Santos, mas sem sucesso. Morreu em 15 de fevereiro, aos 79 anos, de Covid-19.
Gerd Müller
Jogador de futebol
Não houve, na década de 70, goleador mais eficiente no futebol que ele. “Der Bomber”, o bombardeador, era como os alemães se referiam ao centroavante Gerd Müller, cujo petardo de direita, associado a habilidade e velocidade, o fez artilheiro do Bayern de Munique e da seleção. Com catorze gols em Copas do Mundo, dez em 1970 e quatro em 1974, durante muitos anos ele foi o maior marcador em mundiais. Seria superado apenas por Ronaldo, em 2006 (quinze gols no total), e Klose, em 2014 (com dezesseis, depois do fatídico 7 a 1 no Mineirão). Ele lidava havia tempo com Alzheimer, depois de anos enfrentando o alcoolismo. Morreu em 15 de agosto, em Munique, aos 75 anos.
Miguel de Oliveira
Pugilista
A voz calma e pausada e o jeito sempre educado não indicavam a força dos golpes de um campeão mundial de boxe, o segundo brasileiro, depois de Eder Jofre. Logo após conquistar o cinturão dos médios-ligeiros, ao vencer o espanhol José Duran em Mônaco, em 1975, Miguel de Oliveira fez questão de presentear seu ex-treinador, Waldemar Zumbano, que o iniciara na carreira profissional, com o calção branco manchado de sangue com o qual vencera o histórico combate. Por gestos como esse, delicados, ele era querido entre os pupilos, os quais, depois de pendurar as luvas, começou a ensinar. Miguel foi técnico de Maguila. Ele morreu em 15 de outubro, aos 74 anos, de câncer no pâncreas.
Frank Williams
Empresário
Criador de uma das mais vitoriosas escuderias da F1, que leva seu nome, Frank Williams esteve sempre ligado a pilotos brasileiros. No rol de conquistas (foram 114 vitórias) brilharam José Carlos Pace, no início dos anos 1970, quando Williams ainda alugava bólidos de outros construtores. Nelson Piquet, campeão pelas cores azul e branco em 1987, e Ayrton Senna. E então o mundo chorou, naquele primeiro dia de maio de 1994, com as lágrimas do executivo depois da batida de Senna na curva Tamburello, em Ímola. Ele trocara a McLaren pela Williams em busca do tetracampeonato, que não veio. Williams morreu em 28 de novembro, em Londres, aos 79 anos.
Publicado em VEJA de 29 de dezembro de 2021, edição nº 2770