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Jaqueline reestreia nas quadras

“Não tinha noção que aqui era tão frio. Cheguei com uma saia supercurta e blusa e passei muito frio. Tiveram de me emprestar edredom, porque só trouxe lençol. Chorava todo dia” Tudo na vida de Jaqueline acontece muito rápido. Aos 27 anos, ela reestreia nas quadras na sexta-feira, defendendo o Sollys, de Osasco, contra a […]

Por Davi Correia
2 ago 2011, 07h38
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  • “Não tinha noção que aqui era tão frio. Cheguei com uma saia supercurta e blusa e passei muito frio. Tiveram de me emprestar edredom, porque só trouxe lençol. Chorava todo dia”

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    Tudo na vida de Jaqueline acontece muito rápido. Aos 27 anos, ela reestreia nas quadras na sexta-feira, defendendo o Sollys, de Osasco, contra a equipe boliviana do Universitário San Francisco Xavier, em partida válida pelo Sul-americano de Clubes. Campeã olímpica em Pequim em 2008, Jaqueline não renovou contrato com o mesmo Sollys ao saber que estava grávida. Casada com Murilo, melhor jogador do Mundial da Itália em 2010, ficaria afastada das quadras por tempo indeterminado, mas perdeu o filho e volta a jogar oficialmente pouco mais de três meses depois de se “afastar” – sua última partida pela Superliga foi no fim de abril.

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    Pele morena, Jaqueline ainda guarda um pouco do sotaque pernambucano, se bem que fala rápido e gesticula muito, mais aos moldes dos caricatos descendentes de italianos. De cabelo preso, os traços com um quê de índia se destacam cada vez que abre o sorriso – o que ocorre com freqüência. Nem mesmo o meião levantado e a sandália emborrachada estilo Crocs tiram o charme da jogadora de 1,86 metro e 70 quilos bem distribuídos num corpo magro e musculoso, mas com incrível e enganadora aparência frágil.

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    Absolutamente à vontade, senta numa escada à saída da quadra, no ginásio de Osasco, e conta como foi a experiência de engravidar. “É o sonho de todo mulher. O Zé Roberto (técnico da seleção) ficou gritando de felicidade ao telefone. Já pensava nas coisas do bebê quando os exames de ultrassom não identificaram os batimentos cardíacos da criança. Não era para ser. O embrião não se formou e fui obrigada a tirar.” Mas aceitou o fato e se resignou. “É engraçado, em vez de as pessoas me consolarem, eu acabo consolando porque elas ficam tristes por mim.”

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    As dificuldades apareceram logo cedo. Aos 14 anos, em 1999, passou quatro meses treinando vôlei e basquete, mas foi obrigada a escolher um dos esportes. Junto com a irmã, Júlia Carvalho, decidiu pelo vôlei. Logo foi convidada para jogar no Osasco, hoje Sollys. A primeira dificuldade de morar longe dos pais chegou no aeroporto de São Paulo. “Não tinha noção que aqui era tão frio. Cheguei com uma saia supercurta e blusa e passei muito frio. Tiveram de me emprestar edredom, porque só trouxe lençol. Chorava todo dia, a adaptação demorou.”

    Sozinha na cidade, Jaqueline ganhava um salário simbólico, dividia apartamento com outras cinco atletas e muitas vezes ia aos treinos de ônibus. Assim, economizava para pagar a passagem da mãe. “Não passa pela cabeça da minha mãe morar em São Paulo. Ela só vem com passagem de volta. Odeia o frio.”

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    Foco – Jaqueline sempre teve como objetivo a seleção. No mesmo ano que deixou o Recife, foi convocada para a equipe de base. Três anos depois, chegou à principal. O primeiro jogo foi contra a Rússia, na Suíça, entrou como titular na posição de oposta. “Tive um projeto muito bem calculado para evoluir. Hoje sou mais madura porque, apesar de chegar muito nova à seleção adulta, pude aproveitar tudo o que as categorias de base oferecem.”

    Assim que mudou para Osasco, conheceu Murilo. Ele acompanhava os jogos do feminino e pediu aos amigos que conseguissem o telefone de Jaqueline. Número na mão, Murilo resolveu ligar somente depois de três meses, e rapidamente o namoro engatou. Já estão no segundo ano de casamento. “Disse logo que não queria só ‘ficar’. Comigo tinha que ser coisa séria.”

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    Talvez seu momento mais difícil na carreira tenha sido em 2007. Como titular da seleção brasileira, foi pega no antidoping, em exame feito durante as finais dos campeonato italiano, pelo uso de sibutramina, substância encontrada em remédios para emagrecer. Ela foi suspensa por três meses. Foi reintegrada à seleção e estava na equipe medalha de outro em Pequim.

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    Antes de voltar às quadras após a perda do filho, Jaqueline ficou preocupada com seu futuro profissional. Havia recusado propostas do Brasil e do exterior, principalmente da Rússia e da Turquia. Pensou até em ser modelo, “tirar umas fotos e trabalhar, pensei em seguir por outros caminhos”. E como sabe que a carreira de atleta é curta a cada dia que passa amadurece uma idéia: quando parar de jogar vôlei, jura que vai abrir um salão de beleza ou um spa. A única certeza é que será em São Paulo. Mas enquanto este momento não chega ela exerce outra de suas habilidades: minutos antes de entrar em quadra e trabalhar com a bola, chamou as companheiras de time para servir brigadeiros “que eu mesma fiz”. Ninguém recusou.

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