O estádio Ataturk, em Istambul, será o palco da decisão da Champions League 2022/23 entre Manchester City e Inter de Milão, em 10 de junho, um sábado. A UEFA, a entidade que controla o futebol europeu, voltou a confirmar a finalíssima na Turquia. Há, contudo, alguma margem para dúvida, sombras de incerteza sobre a segurança da partida.
O debate gira em torno da situação recente da política e do cotidiano turco. Em meio às eleições presidenciais – o segundo turno será realizado em 28 de maio –, o país vive turbulência econômica, com a inflação descontrolada. Não se descarta irritação popular que possa ir às ruas, embora não seja conveniente nenhum tipo de futurismo. Para piorar, há ecos da ferida aberta do terremoto que, em fevereiro, matou mais de 50 mil pessoas.
O presidente autocrata Recep Tayyip Erdogan, há 20 anos no poder, saiu na frente, em primeiro turno, contra o rival Kemal Kilicdaroglu. A vitória de Erdogan, acostumado a governar com mãos de ferro, é a aposta para que o ambiente permaneça minimamente calmo – sua derrota, improvável, segundo as pesquisas de opinião pública, pode mudar o tom da prosa.
Outro ponto de atenção sobre a segurança na Champions, nada tem a ver com a Turquia, mas sim com própria UEFA. Isso porque na última decisão, envolvendo Real Madrid e Liverpool, em Paris, houve problemas sérios de organização. Brigas entre torcedores e policiais, pessoas feridas e um atraso de quase 40 minutos no início do jogo decisivo, mancharam a partida. Uma comissão independente analisou as causas do incidente e responsabilizou a entidade que controla o futebol no continente, além da polícia francesa.
Caso a UEFA mude de ideia, seria a quarta troca seguida de local da decisão da Champions League. Na temporada 2019/2020, a pandemia tirou o jogo de Istambul e o levou para Lisboa. Na seguinte, a capital turca foi preterida novamente por uma cidade portuguesa, dessa vez, a cidade do Porto. Ano passado, com o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, São Petersburgo perdeu o posto para Paris.
Contudo, seja em Istambul, seja em outra cidade, há uma certeza: será uma disputa de gente grande. O Manchester City de Guardiola, De Bruyne e Haaland em busca da primeira Orelhuda, a taça das taças. A Inter de Milão briga pela quarta conquista – e um novo renascimento italiano.