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Coutinho bem, Willian mal: como jogou a seleção de Tite

Após duas vitórias convincentes, já é possível ver um esboço do time: defesa segura, intensidade no meio-campo e menos “Neymardependência”

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 set 2016, 16h20 - Publicado em 7 set 2016, 13h05

O próprio Tite fez de tudo para evitar o clima de euforia após as vitórias sobre Equador e Colômbia, mas é evidente a evolução do time após sua chegada. Com algumas mudanças na escalação titular – Marcelo, Marquinhos, Casemiro, Paulinho e Gabriel Jesus tiveram pouca ou nenhuma chance com Dunga – e, sobretudo, com um padrão de jogo definido, a seleção brasileira conquistou seis pontos importantíssimos nas eliminatórias e ganhou créditos com a torcida. Tite manteve o estilo que o consagrou no Corinthians: defesa bem postada, valorização da posse de bola, com ênfase em triangulações, e a força do time baseada no meio-campo. O velho problema da “Neymardependência” não foi visto: o jogador do Barcelona foi bem, decidiu o jogo contra a Colômbia, mas dividiu responsabilidades e, sem a faixa de capitão, viu Gabriel Jesus e Philippe Coutinho “roubarem” parte de seu protagonismo. Casemiro e Renato Augusto também se destacaram, enquanto Willian e Paulinho deixaram a desejar no setor preferido pelo técnico. Os experientes laterais Daniel Alves e Marcelo foram bem no apoio, mas sofreram na defesa e ainda precisam assimilar a filosofia de Tite.

Quem ganhou moral com Tite:

Gabriel Jesus – Aos 19 anos, o atacante do Palmeiras estreou pela seleção adulta já como titular e não sentiu o peso de vestir a camisa 9. Jogando centralizado no ataque, brilhou na partida em Quito: com velocidade e pontaria afiada, sofreu um pênalti e marcou dois belos gols na vitória por 3 a 0. Contra a Colômbia, Gabriel Jesus foi mais brigador do que decisivo. Trombou com os fortes zagueiros adversários e abriu espaços, mas criou pouco. Na média, ganhou muitos pontos com Tite e dificilmente perderá o posto de titular para as próximas partidas.

Neymar – Foi menos protagonista e mais decisivo, com dois gols e duas assistências. O craque da equipe perdeu a faixa de capitão (que passou para Miranda e Daniel Alves, dentro do revezamento de líderes imposto por Tite) e se mostrou mais solidário. Tanto em Quito quanto em Manaus, elegeu melhor os momentos de passar a bola e de partir para a jogada individual. Contra a Colômbia, decretou a vitória com uma finalização de altíssimo nível, em chute cruzado de perna esquerda que não deu chances ao goleiro Ospina. Neymar teve breves momentos de descontrole (continua reclamando muito com o juiz), mas demonstrou amadurecimento, sobretudo com a bola. Com Tite, deve fazer menos firulas. E mais gols.

Casemiro – Um dos atletas mais elogiados por Tite nas entrevistas, o volante do Real Madrid confirmou a excelente fase. Fez o papel que Ralf tinha no Corinthians de Tite (marcador implacável, foi excepcional nos desarmes e anulou o companheiro de clube James Rodríguez em Manaus), mas com muito mais qualidade na saída de bola. “Não imaginava que pudesse ter esse desempenho e domínio no setor. Conversei com Zidane (técnico do Real Madrid), e ele me disse que Casemiro é o ponto de equilíbrio da equipe”, contou Tite. Aos 24 anos, Casemiro será peça-chave na equipe que buscará vaga na Copa da Rússia.

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Philippe Coutinho – O meia do Liverpool entrou no segundo tempo nas duas partidas e fez crescer o rendimento da equipe. Caindo mais pela direita, na vaga de Willian, ele se movimentou, foi preciso nos passes, deu assistência para o gol de Neymar e já pede passagem no time titular. Tite exaltou a qualidade de Coutinho, mas deu a entender que a concorrência com Neymar o atrapalha. “Ele costuma jogar vindo da esquerda para a direita, onde atua o Neymar. Fazê-lo se adaptar à função central seria mais difícil, mas poderia utilizá-lo do lado direito. Ele se sentiu bem ali”, disse o técnico. Nas primeiras partidas, Tite quis manter os atletas na posição em que estão acostumados a jogar em seus clubes. Agora, com o time em melhor situação na tabela, poderá testar novidades, como Coutinho na vaga de Willian ou de Paulinho.

Renato Augusto – Homem de confiança de Tite, com quem conquistou o Brasileirão do ano passado no Corinthians, o camisa 8 repetiu as boas atuações da Olimpíada, mesmo jogando em uma função um pouco diferente. Com Casemiro dando sustentação à defesa, Renato apareceu mais à frente, revezando com Paulinho e realizando boas combinações com Neymar e Marcelo. Sua personalidade também agradou a técnico e atletas e Renato já se credencia como um possível capitão no revezamento de Tite. Pesa contra ele o fato de jogar na menos exigente liga chinesa, o que vai demandar maior preocupação com a condição física.

O jogador William da seleção brasileira
Titular absoluto na Era Dunga, William teve atuações discretas nas primeiras partidas sob o comando de Tite (Pedro Martins / MoWA Press/Divulgação)

Quem decepcionou:

Willian – Titular absoluto na equipe de Dunga, o meia do Chelsea também iniciou a era Tite com moral, mas deixou a desejar. E, para piorar, viu seu substituto nas duas partidas, Philippe Coutinho, se destacar. Jogando bem aberto pela direita, como de costume, Willian arriscou poucos dribles e finalizações e pareceu mais preocupado com a marcação do que com a criação. Em ambas as partidas, foi defendido publicamente por Tite. “Quero transmitir a ideia de que não é por causa de um jogo abaixo que vou tirar o cara. Isso gera insegurança. Estou falando do Willian”, disse, em Manaus. Em Quito, destacou a “importância tática” do atleta.

Paulinho – Uma das convocações mais contestadas, já que não atuava pela seleção desde a Copa de 2014 e está jogando no Guangzhou Evergrande, da China, Paulinho demonstrou personalidade, mas não brilhou. Desempenhou função semelhante à que fazia no Corinthians, como um segundo volante com chegada na área adversária, mas muitas vezes esteve impreciso nos passes e até nos domínios de bola. É um dos favoritos a perder a vaga de titular nas próximas partidas.

Laterais na defesa – Daniel Alves e Marcelo são, por natureza, jogadores mais ofensivos e foram importantes no apoio em ambas as partidas. No entanto, a fragilidade defensiva de ambos também foi evidenciada. Contra o Equador, o lateral direito teve muito trabalho na marcação de Jefferson Montero e precisou do reforço dos volantes Paulinho e Casemiro no setor. Contra a Colômbia, Marcelo teve dificuldades, sobretudo no segundo tempo, para frear o veloz Juan Cuadrado. Historicamente, Tite prefere laterais mais cautelosos, que primeiro marcam para depois saírem ao ataque (os marcadores Alessandro e Fábio Santos foram peças importantíssimas no título mundial do Corinthians em 2012, por exemplo). Tite não deve abrir mão da experiência e qualidade de Daniel e Marcelo, mas terá que conter o ímpeto ofensivo de ambos.

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