Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Agora é que são elas: os desafios da Copa do Mundo feminina

Competição começa a atrair interesse semelhante ao do futebol masculino, mas há muito ainda a avançar para vencer a discrepância econômica

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h10 - Publicado em 21 jul 2023, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • DIFICULDADES - A espetacular Marta (à esq.), já perto da aposentadoria: preconceito
    DIFICULDADES - A espetacular Marta (à esq.), já perto da aposentadoria: preconceito (Thais Magalhães/CBF)

    Foi outro dia mesmo — e soa inaceitável. Na Copa do Mundo feminina de 1995, as jogadoras brasileiras, e as de muitos outros países, tiveram de recortar, costurar e adaptar os uniformes masculinos do torneio de 1994. Não calhou a ninguém a ideia de ter roupas para elas, de tamanhos e moldes distintos, ainda que os organizadores tivessem oferecido tops de lycra acolchoados para proteger os seios das pancadas das bolas. As coisas melhoraram de lá para cá, é evidente, mas há muito ainda a caminhar — e o Mundial da Austrália e Nova Zelândia, com a finalíssima marcada para 20 de agosto, em Sydney, tem tudo para virar um duplo acontecimento. Será a celebração de alguma igualdade, mas também um marco das dificuldades da próxima curva, porque agora é que são elas. A brasileira Marta, de 37 anos, escolhida seis vezes a melhor do mundo, já perto da aposentadoria, deu a deixa em um discurso em 2019, na sede da ONU, em Nova York. Ela, que durante muito tempo preferiu ficar calada, tocou no nervo: “O preconceito e a falta de oportunidade já me doeram ao longo do meu caminho. Doeu quando meninos não me deixaram jogar. Doeu quando treinadores me tiravam dos campeonatos porque eu era apenas uma menina. Mas minha certeza de onde eu iria chegar nunca me deixou desistir”.

    Publicidade

    arte futebol feminino

    Publicidade

    Os avanços do futebol feminino precisam ser destacados — mas seus limites também. A premiação para as equipes campeãs tem aumentado: era de vergonhosos 15 milhões de dólares em 2015, subiu para 30 milhões de dólares em 2019 e agora chegou a 150 milhões de dólares. Muito? Não. Pouquíssimo diante dos 440 milhões de dólares oferecidos a eles no Catar, em dezembro de 2022. Há, porém, decisões boas, gestos positivos que ajudam a erguer o edifício que mal passou do primeiro piso. O Ministério da Gestão e da Inovação do governo de Lula anunciou ponto facultativo para servidores federais nos dias de partidas da seleção canarinho dirigida pela treinadora sueca Pia Sundhage, como já acontece quando os homens de amarelo entram em campo. A companhia aérea Azul anunciou a exibição ao vivo da Copa em 68 aviões de sua frota que têm a tecnologia embarcada para a transmissão em tempo real, em parceria com a Globo e a Sky — como fez no ano passado, no show de Messi e cia. Desde 2019, a CBF exige que os clubes brasileiros da Série A mantenham equipes femininas — a partir de 2027 a obrigatoriedade se estenderá às quatro divisões. “A valorização de questões como equidade de gênero e empoderamento da mulher criou o ambiente ideal para a modalidade atingir no futuro somas equivalentes”, diz Victor Azevedo, professor de marketing do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec).

    COMEÇOU - Abertura do torneio, entre Nova Zelândia e Noruega: estádio cheio
    COMEÇOU - Abertura do torneio, entre Nova Zelândia e Noruega: estádio cheio (How Hwee Young/EFE)

    O negócio começa a girar, é incontestável. Pelo menos 2 bilhões de pessoas devem acompanhar pela televisão os 64 jogos, atalho para que uma empresa como a Visa decidisse entrar em cena com força, como faz já há décadas no mundo masculino. “Queremos derrubar barreiras e dar visibilidade”, diz Camila Novaes, diretora de marketing da operadora de cartões no Brasil, uma das coordenadoras da campanha promocional #escolhajogarcomelas. “Há um indiscutível crescimento do futebol feminino”, ecoa Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    artes futebol feminino

    O sucesso do torneio na Austrália e Nova Zelândia — com o favoritismo dos Estados Unidos de Megan Rapinoe, craque na bola e na liderança, porta-voz da luta pela equidade salarial — pode ser visto como resposta, ainda incipiente, reafirme-se, às estupidezes como a de Getúlio Vargas. Em 1941, o então ditador assinou decreto proibindo o futebol feminino no Brasil, considerado — pasmem — “incompatível com as condições da natureza feminina”. Ele seria revogado apenas em 1979, nove anos depois de Carlos Alberto Torres erguer a Jules Rimet para os homens pela terceira vez.

    Publicidade

    Publicado em VEJA de 26 de julho de 2023, edição nº 2851

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    3 meses por 12,00
    (equivalente a 4,00/mês)

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.