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O samba pede passagem

Cerimônia de abertura mostrou um espetáculo no qual a música popular brasileira foi bem representada

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 ago 2016, 13h46

Esperava-se o caos. Mas o que se viu – e principalmente o que se ouviu – foi um espetáculo no qual a música popular brasileira foi bem representada. A começar pela execução do Hino Nacional Brasileiro, a cargo de Paulinho da Viola. Vestido com as cores azul e branco da Portela, sua escola do coração, ele colocou sentimento na composição de Francisco Manuel da Silva e Joaquim Osório Duque Estrada – essa mesma obra, tão maltratada em cerimônias cívicas e jogos oficiais da seleção brasileira de futebol. Compensou até a cara de tédio da violoncelista.

Mais do que nunca, foi uma cerimônia no qual o samba, o maior gênero musical surgido no país, foi apresentado em suas diversas vertentes. Ele esteve presente na participação de Paulinho da Viola e mostrou sua força na percussão de Wilson das Neves (que conclamou os espíritos dos sambistas de outrora). A bossa nova, que tem suas raízes no samba – e que depois seria encorpada pela sonoridade do jazz e da música clássica, em especial dos compositores impressionistas franceses – deu as caras numa bela versão de Garota de Ipanema, na interpretação de Daniel Jobim, neto de Tom Jobim, e no rebolado bem cadenciado da modelo Gisele Bundchen.

Ele se transmutou no afro-samba de Baden Powell e Vinicius de Moraes em Canto de Ossanha, esplendidamente cantado por Elza Soares; apareceu no formato partido alto com Deixa a Vida me Levar, interpretada por Zeca Pagodinho e Marcelo D2 (o rapper que percebeu que seus versos nada mais eram que uma versão contemporânea do partido alto) ou no formato samba rock pelo hino País Tropical, de Jorge Ben Jor. O pancadão pode até ter nascido nos Estados Unidos (seu formato tradicional era o Miami Bass, cujas letras libidinosas foram adaptadas para o formato brasileiro), mas foi gestado nos morros do Rio de Janeiro, mesmo local de origem do samba, e se tornou funk carioca por conta dos cruzamentos das batidas eletrônicas internacionais com os tambores de cultos afro brasileiros – que também serviram como ponto de partida para o samba. A presença da funkeira Ludmilla e da rapper Karol Conká apenas reafirmam essa ligação com o gênero, que completa cem anos no final de 2016.

Muito se falou (mal) sobre a presença de Anitta na festividade. Ainda mais acompanhada por Caetano Veloso e Gilberto Gil (visivelmente debilitado por causa dos recentes problemas de saúde), ídolos do tropicalismo. O queixume era referente à falta de talento da cantora e pelo fato de sua música não ter brasilidade suficiente. Bobagem. Anitta tem dois discos lançados e três anos de carreira, o que no cenário pop no mundo inteiro significa uma eternidade. Acima de tudo, tem star quality – estrela, numa versão aportuguesada do termo. E mesmo que os dotes vocais lhe faltem vez ou outra, ela compensa, com graça e sensualidade. Sua colaboração em Isto Aqui o que É, de Ary Barroso, não comprometeu. Que venha a cerimônia de encerramento, quem sabe com outros gêneros musicais importantes e que foram ignorados na festa de abertura. 

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