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Julie Gavras aborda velhice com delicadeza e humor em ‘O Amor Não Tem Fim’

Diretora de 'A Culpa É do Fidel' volta à Mostra de Cinema com filme estrelado por William Hurt e Isabela Rossellini

Por Rodrigo Levino
25 out 2011, 11h43

Em 2006, um dos filmes mais festejados da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo foi A Culpa É do Fidel, de Julie Gavras, diretora francesa de origem grega cujo sobrenome é uma credencial. Julie é filha do consagrado cineasta Constantin Costa-Gavras. E contava no filme, de cinco anos atrás, a história de uma menininha às voltas com a família envolvida em questões políticas no começo dos anos 1970.

Julie, presente à 35ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, revelou que se sentia desafiada a agradar à mesma plateia que aplaudiu seu filme anterior, agora que está lançando uma comédia romântica, Late Bloomers – O Amor Não Tem Fim. Segundo ela, o filme é feito “nos moldes das comédias românticas americanas, mas um pouquinho diferente”.

A diferença a que ela se refere fica clara em dois aspectos. Primeiro, pelos protagonistas: ao invés de dois jovens no ápice da vivacidade, um casal beirando os 60 anos. Segundo, pelo humor: muito mais refinado que o costumeiro em filmes do tipo lançados por Hollywood.

Late Bloomers trata de Adam (William Hurt) e Mary (Isabela Rossellini), que depois de alcançar o topo de suas carreiras — ele como arquiteto que revolucionou a forma de aeroportos, ela como professora universitária — tomam consciência da própria finitude. Os filhos estão longe de casa, ocupados com seus trabalhos e cuidando dos netos. A ela, aposentada, resta pouco além de trabalho voluntário. O brilho da carreira de Adam, por sua vez, já vinha se perdendo pouco a pouco, década a década.

É Mary quem primeiro toma pé do quanto estão mais próximos da morte. E com alarde. Assustada com uma perda de memória repentina, transforma a vida em um estado de alerta para o inevitável. Mas Adam ainda tem fôlego e a ideia de se admitir incapaz não lhe passa pela cabeça. Nem deveria passar pela de Mary, uma distinta senhora, lúcida e independente. Pelo menos, não com tanto desespero.

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Do conflito entre os dois nascem tantos outros, que envolvem o futuro profissional de cada um, a relação com os filhos, sobre o que lhes é possível fazer e arriscar a essa altura da vida. O que deveria ser um acordo para envelhecer bem vira um tormento e o casal se põe à beira da estatística dos parceiros divorciados após os 60 anos, assumindo os riscos da teimosia e do flerte extraconjugal.

Com um roteiro amarrado e sem brechas, Juile Gavras narra uma história que é dramática, mas de forma delicada e bem humorada. No livro Homem Comum, o escritor americano Philip Roth diz que a velhice é uma batalha em que não há chance de vitória. Custa muito para Adam e Mary se darem conta de que podem enfrentar o tempo sem necessariamente antecipar a derrota. E que podem realizar um tanto de coisas pelas quais terão muito orgulho – Adam um projeto arquitetônico grandioso e inédito, por exemplo – e serão fundamentais para compreender a nova fase de suas vidas.

Assista abaixo ao trailer do filme

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