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“Já tinha desistido de viver”, diz Thunderbird sobre vício nas drogas

Ex-VJ da MTV, Luiz Fernando Duarte lança biografia em que relata os anos loucos de trabalho na emissora e revela como superou a dependência química

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 ago 2020, 15h47 - Publicado em 2 jul 2020, 11h42

O jeito acelerado de falar e o visual desleixado, além de um vasto conhecimento musical sempre seguido do bordão “se é que você me entende”, fizeram de Luiz Fernando Duarte, o Thunderbird, um dos VJs mais queridos e reconhecidos da MTV nos anos 1990. Baixista da banda Devotos de Nossa Senhora Aparecida, formada em 1986, o artista entrou para a emissora quase por acaso e lá ficou.

Porém, por trás de tanta descontração, Thunderbird enfrentou uma forte dependência química e quase morreu. “Achei que não chegaria vivo a 1998”, diz ele, que só percebeu que estava exagerando quando João Gordo, Nasi e Marcelo D2 o alertaram dos abusos e ele finalmente se internou para tratar do vício.

Thunderbird, hoje aos 59 anos, lançou recentemente a biografia Contos de Thunder, em que revela os bastidores daqueles anos loucos e como se manteve limpo desde então. “Passei a fazer exercícios e a correr. A corrida me salvou”, diz. Hoje, ele vive sozinho em sua casa em São Paulo, acompanhado apenas do cachorro Rickenbacker, batizado em homenagem à marca de seu contrabaixo favorito.

Você é um dos VJs mais lembrados da MTV, mas, antes disso, você já era o baixista da banda Devotos de Nossa Senhora. Como foi parar na TV? Eu não escolhi ser VJ. Eles [os diretores da emissora] escolheram por mim. Eles me chamaram para ir na sede provisória da MTV para falar da minha banda. Me disseram para ir lá na frente da câmera e falar dela. Depois me mandaram entrar numa sala e conversar com algumas pessoas. Lá dentro o contrato já estava pronto com o meu nome. E eu assinei.

Naquela época você já era usuário de drogas? A cocaína já estava presente em alguma escala e foi aumentando conforme as coisas iam acontecendo. Mais dinheiro, mais consumo. Depois, fui para a Globo e a cobrança era muito maior e, obviamente, o consumo também era grande. Quando voltei para MTV, em 1996, a coisa estava feia e descontrolada. Eu já tinha desistido de viver. Já era. Vamos colaborar com a estatística. Eu iria morrer de overdose. Aí o Nasi, meu amigo, estava internado. Quando ele saiu da clínica, ele me ajudou na internação. Fiquei um pouco apavorado porque, naquela época, em 1997, a dependência química era um tabu e não se falava sobre isso. Comecei a frequentar os grupos anônimos e cheguei a ir a três reuniões por dia.

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Capa do livro ‘Contos de Thunder – A Biografia’ – (//Divulgação)

Você chegou a ter uma overdose? Eu não tive um piripaque. Mas já desmaiei de usar. Fiz uso excessivo e fiquei vários dias acordado. Nunca fui parar em um hospital. Tive sorte porque geralmente é isso que acontece. Foi assim com Jimi Hendrix e Janis Joplin. Para você ver como eu estava bem louco, até o João Gordo veio me dar conselhos e disse que me encheria de porrada se eu não parasse. Hoje ele é uma pessoa completamente sóbria e vegana. O Marcelo D2 dizia para eu maneirar.

É verdade que o diretor Cacá Marcondes, na época na MTV, tinha a tarefa de ligar para a sua casa para saber se você estava vivo? Rolou essa história, sim. Em 1993 ele era meu diretor e eu não aparecia para gravar. As pessoas se preocupavam que eu tivesse morrido de overdose. E ele ligava para saber se eu estava vivo. Rolava uma culpa tremenda da minha parte. Eu não queria prejudicar as pessoas, eu não queria atrapalhar o dia a dia das pessoas. Ao mesmo tempo, eu não conseguia abrir mão de usar drogas.

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Como foram meses seguintes após parar de consumir drogas? Eu cheguei a achar que não havia vida sem as drogas. Mas eu descobri que era o contrário. Depois de um ano longe delas, eu engordei muito. O prazer da comida é incrível. Foi quando eu pensei em praticar um esporte. Uma coisa que ajudou foi correr e, para ter fôlego, eu parei de fumar. Cigarro é uma droga muito terrível, mas fumar é uma delícia. Foi difícil para caramba parar. Eu pensei: ‘Se eu não morri de overdose, não vou morrer de câncer’. Em 2009, eu voltei a fumar. E depois eu parei de novo. Hoje não fumo mais. Corri a maratona de Nova York e a meia maratona de São Paulo. Naturalmente, eu não fico perto de alguém usando cocaína. Você já viu uma pessoa cheirando? É chato, cara. Elas ficam eloquentes e verborrágicas. Uma pessoa que está mergulhada na droga acha que não tem mais saída. Mas tem jeito, sim. Ela precisa pedir ajuda. Pode dar certo. Viver é o maior barato.

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