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Com ‘Califórnia’, Marina Person faz retrato sensível da adolescência

Em sua estreia como diretora de ficção, ex-VJ da MTV aposta em trama com elementos autobiográficos e revisita a juventude nos anos 1980

Por Daniel Dieb
3 dez 2015, 08h15

A adolescência e suas transformações são temáticas que enchem os olhos de cineastas. Especialmente após o fenômeno John Hughes, nos anos 1980. Dono de uma visão ímpar sobre a juventude, o cineasta americano é dono de títulos como Clube dos Cinco (1985) e Curtindo a Vida Adoidado (1986), que misturam bom roteiro e excelente trilha sonora. Foi lá na década de 1980, aliás, que Marina Person, ex-VJ da MTV, decidiu ambientar seu primeiro longa de ficção, Califórnia, na tentativa de retratar a juventude de sua época e universalizar crises atuais. A missão foi cumprida. E o filme, que entra em cartaz nesta quinta-feira, oferece mais acertos do que erros.

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A estreante Clara Gallo ficou encarregada do papel da protagonista Estela, uma garota de classe média paulistana que vê no tio Carlos, vivido por Caio Blat, uma referência libertária e cultural. Ele mora na Califórnia, Estados Unidos, lugar que ela sonha visitar. O plano, porém, é suspenso com a inesperada volta do tio ao Brasil para se recuperar de uma doença inicialmente não revelada. Porém, não é difícil imaginar que Carlos tem aids.

Em paralelo, Estela vive suas primeiras dúvidas amorosas. Ela alimenta uma paixonite por Xande (Giovanni Gallo), o garoto popular da escola, porém, acaba se sentindo atraída pelo aluno novo, JM (Caio Horowicz). O rapaz taciturno chama a atenção da protagonista com suas dicas sobre livros, como O Estrangeiro, de Albert Camus, e músicas, entre elas os roqueiros do The Cure e David Bowie, que permeiam a exemplar trilha sonora.

O camaleão do rock, aliás, estampava a camiseta de Marina Person durante conversa com o site de VEJA sobre a nova experiência cinematográfica. “Cinema é assim, você planeja, sonha, mas uma coisa é no papel, outra é quando aquilo toma vida. Cada escolha que você toma interfere no produto final”, diz a diretora de 46 anos, que tem no currículo o documentário Person (2007), sobre seu pai, o também cineasta Luiz Sérgio Person.

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Os elementos da trama foram, em grande parte, tirados das experiências reais de Marina. “Se eu queria fazer um filme sobre uma parte da minha vida, como não usar coisas que aconteceram comigo?”, diz. Curiosamente, ao contar sobre a escolha de Clara para o papel principal, a diretora afirma que a garota tinha algo a falar, mas não conseguia. “Isso me intrigou. Ela não tinha experiência nenhuma, mas alguma coisa nela me fez querê-la.” Uma sugestão? Talvez a cineasta tenha visto a si mesma – de cabelo curto. A similaridade física entre as duas é inquestionável. Outra particularidade da trama é que o personagem, JM, segundo ela, é uma “fusão” de suas paixões da adolescência.

E são estas paixões um dos pecados do roteiro. Apesar de cativante, o triângulo ocupa mais espaço do que deveria no roteiro, enquanto a relação da jovem com o tio perde espaço. Blat entrega uma excelente atuação, reforçada pelo físico cinco quilos mais magro – embora ele garanta que os ossos saltados sejam resultado do enquadramento e da maquiagem.

Sendo assim, faltou destaque para o diferencial da produção: o adoecimento e consequente definhar de Carlos em contraponto ao amadurecimento de Estela. O vínculo, que transcende o familiar, é forte e profundo, mas exposto apenas no início do longa e esparsamente em seu decorrer. Apesar do desequilíbrio do roteiro, Califórnia cativa graças à temática de fácil identificação e da mão sensível de Marina Person, que mostra potencial para projetos futuros.

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