O Ministério da Educação e Cultura (MEC) repassou neste mês valor insuficiente para o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) pagar por bolsas de auxílio estudantil a alunos em situação de vulnerabilidade social. Apenas 80% do recurso foi enviado para os 33 campi do instituto neste mês. Em protesto, os alunos ocuparam na última quinta-feira, por quatro horas, a reitoria do Instituto. Após o ato, o MEC liberou mais 12% do recurso necessário para as bolsas. Têm direito ao auxílio aqueles com renda familiar per capita abaixo de 1,5 salário mínimo.
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“A ocupação foi um ato pacífico e simbólico para chamarmos a atenção do MEC para a nossa situação. Eles fizeram um grande corte e isso está impactando nos alunos mais carentes, que não receberão as bolsas e estão com dificuldade até mesmo de ir à escola”, disse Felipe Moraes de Sousa, de 19 anos, aluno de Engenharia Civil no campus São Paulo, no Canindé.
De acordo com Luís Cláudio de Matos, diretor do campus, neste mês a unidade recebeu 80% dos 670 000 reais que paga mensalmente aos 1 200 alunos em situação de vulnerabilidade. O principal atraso, no entanto, foi no orçamento geral mensal, recurso que é usado para pagar fornecedores, prestadores de serviço e bolsas de incentivo a pesquisa e extensão – apenas 20% do valor do orçamento foi pago neste mês.
“A prioridade são os alunos, então pagamos o que era possível das bolsas de auxílio estudantil, as de pesquisa e o subsídio no restaurante do campus. As demais contas estão todas atrasadas”, disse Matos.
Segundo o diretor, a unidade já enfrentou atraso de repasses outras vezes, mas o deste mês foi o maior. “É a primeira vez que recebemos tão pouco recurso e o pior é que estamos sem resposta sobre quando teremos a liberação do restante da verba, o que cria uma instabilidade entre os alunos.”
Votação – O campus de Capivari, no interior, também recebeu 80% do recurso para as bolsas. “Tivemos uma conversa com os 180 estudantes que usam o auxílio, que votaram entre receber um valor proporcional ou deixar 20% dos alunos sem o recurso. Eles optaram pelo recurso proporcional, por entenderem a necessidade de todos terem a verba, mesmo que menor”, disse Waldo de Lucca, diretor da unidade.
Em nota, o IFSP informou que todos os 33 campi tiveram atraso e não corte. O MEC ainda não se pronunciu sobre o motivo do atraso de repasse de verba para o instituto.
(Com Estadão Conteúdo)