Aos 19 anos, o francês Brice Royer perdeu o movimento das mãos. Segundo o diagnóstico que recebeu, o sintoma era fruto de um distúrbio nervoso, desencadeado por sua vez pelas constantes mudanças de país e o consequente sentimento de não pertencer a lugar nenhum. Filho de pai franco-vietnamita e mãe etíope, ele viveu em sete países antes dos 18 anos.
Após restabelecer-se da doença, Royer decidiu que ajudaria jovens que, como ele, haviam crescido em meio a frequentes trocas de endereço. São as chamadas TCKs, “third culture kids”, ou crianças de uma terceira cultura. “Não podemos ter três passaportes e amigos em 29 países sem sentir uma certa insegurança sobre onde é nossa verdadeira casa”, conta. “Mas, com ajuda e conhecimento, os desafios são compensados com ótimas experiências.”
Em 2007, Royer criou a comunidade virtual TCKid.com. Mantido por voluntários, o endereço conta atualmente com mais de 21.000 membros, que compartilham experiências e ajudam a esclarecer dúvidas. A comunidade inclui também 50 grupos locais, com membros de uma mesma região, que promovem encontros e atividades.
Outras comunidades da web procuram fazer com que as TCKs dividam suas histórias com amigos de todas as partes do mundo. Somente no site de relacionamento Facebook, existem mais de 320 grupos. Um deles, que conta com 8.700 membros, convida: “Você sabe que é uma TCK quando a pergunta ‘de onde você é?’ tem mais de uma resposta possível.”
Até o Departamento de Estado dos Estados Unidos oferece ajuda para as TCKs e suas famílias através da internet. “Nas escolas, onde frequentemente são consideradas esquisitas, o que as TCKs mais querem é ser aceitas como os indivíduos que são”, diz texto do site. Na página, estão ainda à disposição artigos e livros que ajudam a entender a interessante, mas nem sempre fácil vida das TCKs pelo mundo.